Por
mais que tentemos reinventar regimes e modelos para uma perfeita governação não
creio de todo que resolva as crises cíclicas, ou seja tal como o problema das
convulsões e alterações da ordem constitucional não residia e nunca teve a sua
génese nos quartéis (tanto que muitos, como eu, acreditavam que eram
"eles"), tampouco da constituição e das leis (já que ta difícil
culpabilizar os militares, é fácil por as culpas na constituição), ou do
sistema.
"Se
errar é humano, errar e deitar as culpas nos outros é mais humano ainda"
Acredito
que os nossos governantes e políticos é que (ainda) não aprenderam a articular
as leis com a governação. Existem dificuldades das pessoas em conviver com os
poderes que lhes são atribuídos.
Existe
pouca cultura de deixar legados sociais para gerações vindouras, noutras
paragens são sinónimos de grandeza...
Saídos
duma transição desgastante, penso que o actual presidente, não conseguiu gerir
os interesses do país face as disputas internas do PAIGC,( o partido que
"venceu" as eleições de 2014), todos os partidos têm disputas
intestinais, mas de forma democrática na mesma, depois das eleições todos
orientar-se-ão pela corrente "vencedora"-assim funciona em
democracia!).
O
presidente do partido vencedor das eleições, constituindo um governo que na
altura foi apelidado de "o governo possível" e carregado de um
incontornável espectro de remodelações.
Confrontado
com as clássicas chantagens dos militantes ditos "influentes" no
partido, o partido, na pessoa do seu líder e dos seus órgãos estatuários, viu
se obrigado em assumir a liderança disciplinarmente perante divergências de
posições e de opiniões e em favor da vontade da maioria dos militantes
(admitindo que 15 militantes-deputados, não representam, de nenhuma forma, lógica
e matematicamente, a maioria dos outros 42 militantes-deputados), para não
falar dos que votaram para que o partido fosse tido como vencedor das eleições
de 2014.
Os
15 militantes, não só discordaram e atraiçoaram as directrizes e a vontade de
um grupo maioritário de um partido, mas sim também da maioria dos que votaram.
Pois de um lado absteram-se quando a orientação do BP e o CC que era votar SIM,
depois decidiram contra as orientações dos mesmos órgãos estatutários fazerem
parte de um governo instituído inconstitucionalmente (In acórdão 1/2015).
Enquanto
isso, na ansiedade de granjear aliados alegando uma luta sem tréguas contra a
corrupção e rumo ao desenvolvimento, o PR barricou-se na presidência,
curiosamente com os "pesos pesados" da corrente "perdedora"
do congresso do mesmo partido, não o ajudou muito, pois fechou-se aos diálogos ("...mesmo
que mudassem todos os membros a coabitação seria impossível a co-habitação
entre ele e o PM.."-porquê não? Quando que o momento político e social
assim o exigia) "fechou-se" face à interactividade com o executivo,
com a população...aguardando...
Entre
vários episódios, vividos antes da daquela famigerada reunião da ANP, uma coisa
que sempre me intrigou e ainda me intriga que nem um enigma, foi que:
Lembro-me
que houve um clima de crispação; primeiro entre o presidente da ANP e ministro
das finanças, sobre os gastos ou aumento do salário dos deputados da ANP,
depois foi entre o Presidente da Republica e o da ANP, sobre o uso da escolta,
uma espécie de presidência aberta, certo!?
Volvidos
alguns dias vai o próprio PR, alegadamente para "confidenciar" ao
presidente da ANP de que existia e ponderava, a hipótese de derrube de governo
( que nunca foi sua intenção, segundo suas posteriores declarações) e que
depois deu no que estamos a viver hoje. O que não entendo é, como é que logo
depois de teres de ter um desaguisado com alguém, e justamente a essa pessoa a
quem vais confidenciar um assunto tão delicado!? Tipo: estou pensar derrubar o governo,
que achas!?
Alegar
"...grave crise institucional"? Um
discurso carregado de acusações, o "tal"das interpretações do
T.O.F.E...
Nunca
vai encaixar em mim, pois a altura exigia maturidade, diálogos e concertações e
respeito pelo povo que tanto clamou por ponderação e que não foi tido em conta -
foi um golpe rude.
Meus
caros, existe um artigo assim na constituição, sem dúvida, que pode ser evocado
por uma única pessoa em cada legislatura com base na sua avaliação da
realidade, mas com certeza se usaria em ultima instância e de forma consertada.
Lá
por se ter licença de porte de arma, não significa que a podes usar como bem
entenderes, por exemplo, nas pessoas, de cada vez que se sentires ofendido. Dá
nisto!!!
Estamos
a provavelmente a dois anos das próximas eleições, perdemos um ano inteirinho,
após as promessas dos investidores, a trocar "mimos" e esgrimindo
intelectualidades fúteis, e agora com as imperiosas engenharias e configurações
da ANP, muitos acreditam que assim o assunto fica arrumado, saímos finalmente
da crise...outros não pensam assim.
Terá
o PR moral para derrubar algum governo no caso de não estiverem na mesma orbita
e caso for realmente necessário? Creio que não.
O
PR terá mesmo um animo e meio para entrar em sintonia com o chefe de governo,
porque depois dai, um ano sensivelmente, qualquer governo que estiver em
funções, pelo que diz a constituição (06 meses antes do fim da legislatura...),
ninguém terá o poder constitucional para o derrubar em caso de grave crise - a não
ser os suspeitos de costume - é um enorme desafio para todos nós - e mesmo que
estejam a delapidar desenfreadamente o pais, teremos todos que engolir em seco,
pois o PR, tal como todos nós, estará de mãos atadas...
Confesso
que apesar dos pesares, até 12/04/2012, senti sinais de que era possível,
ventos de mudança...com o próprio e actual presidente da Republica, enquanto
ministro das finanças...
Até
agosto de 2015, com DSP reavivava-se de novo essa esperança...ou ainda um pouco
melhor...
De
resto, só resta mesmo reacender a esperança nas próximas eleições, quem sabe
será mesmo dessas...
•
Apreciei/aprecio a intelectualidade do DSP
•Apreciei/aprecio
imenso a atitude das forcas armadas.
•Apreciei/aprecio
o desafio imposto ao sistema judicial.
•Apreciei/aprecio
a Taciana, o Midana e os Djurtos.
•Apreciei/aprecio
o envolvimento e a cidadania de todo um povo.
Acreditem
que evoluímos...muito pouco, mas evoluímos...
Sinceramente,
Digo
eu...relembrando meus dizeres...
Por: Péricles
Robalo (Yco)
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