terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Banjul-Bissau, a rota do sexo pela sobrevivência

Apresenta-se com o nome de Nick Minaj. Tem 25 anos de idade. Aos 21 teve um filho com um jovem gambiano radicado em Londres, Reino Unido. Compara o seu trabalho ao de um bombeiro que apaga os incêndios.

“O pai do meu filho estava de férias em Banjul quando nos cruzámos numa discoteca. Usou-me durante duas semanas. Disse que me amava e muito. Mas era tudo falso. Até me deu um nome falso, Kevin. Nunca mais soube nada dele».

Nick Minaj é uma menina gambiana que vem a Bissau aos fins de semana para se prostituir com jovens guineenses que, em relação aos seus conterrâneos, são muito melhores clientes. «Pagam mais, são bons na cama e dão luxo. E são mais humanos», afirma sem qualquer tabu, antes de tomar um café cheio.

Este envolvimento com os guineenses, fez-lhe acreditar que escolheu a profissão certa. E que se gerir bem o que ganha, um dia poderá mudar o seu modo de vida e pagar a escola do filho.

“A minha poupança cresceu desde que comecei a fazer milhares de quilómetros atrás do meu negócio para o futuro da minha família. A Guiné-Bissau é um bom mercado”, diz.

Numa conversa com um jornalista da Rádio Jovem, a menina, que se afirma ser órfã, descobriu que na Guiné-Bissau é relativamente mais fácil um cliente pagar uma soma considerável sem se interessar por discutir o preço.

Por repetidas vezes, Nick Minaj afirma que são como um pronto-socorro. Quando alguém precisar com urgência são imediatamente chamadas; quando alguém quer comemorar, fora de casa, uma conquista; ou quando um homem se sente traído pela parceira são chamadas para “apagar o fogo”.

"Repare que quando a mulher trai um homem, este quando sai à rua para desanuviar descarrega em nós, no nosso corpo, toda a mágoa. Sente-se que ele está sob efeito de álcool, a tentar tirar a mágoa de outra pessoa. Há casos em que desabafam como são mal tratados em casa pela esposa. Há situações de homens com esposas doentes que nos procuram. Ainda assim acha que não somos importantes ? Uma pessoa que anda na cadeira de rodas, em Banjul, confessou-me que, depois do acidente que o deixou paralisado, se separou da esposa. A partir daí, passei a resolver o seu problema sexual. Podia citar vários exemplos e contar histórias que vivi, para tal teria que pagar.”

Nick Minaj citou casos de alguns homens casados que muita das vezes oferecem o dobro do montante acordado. Passados seis meses da boa experiência [talvez que considera positiva] num mercado que já conhece e com clientes fixos que lhe pagam a viagem e alojamento, Nick aproveita para vender tecidos, roupas, bolsas e alguns produtos aos guineenses. Adianta que as prostitutas guineenses são tímidas e têm medo dos preconceitos da sociedade, por isso, perdem terreno.

“Elas ainda têm com medo de assumir o que realmente são. Por isso, nós que vimos de fora ganhamos mais espaço para trabalhar. A questão não é sermos mais bonitas ou melhores na cama. A questão é que já nos libertámos daquilo que o terceiro pode pensar em relação à vida privada e profissional, neste caso», explica Nick Minaj.
Fuma um cigarro, pede uma garrafa de cerveja fresca e puxa a conversa com o repórter da Rádio Jovem, a quem garante que já recebeu pedidos de casamentos na Guiné-Bissau.

“Muitos homens guineenses acham que sou bonita, boa e inteligente pelo que não deveria continuar nessa vida de vender o corpo. Esquecem-se que é a minha profissão. Aliás, é a profissão mais antiga do mundo. Tenho o meu filho para sustentar e a minha vida está em Banjul, a capital da República vizinha de Gâmbia», justifica em Inglês, já que percebe muito pouco o crioulo.

«A comunicação é muito importante para manter uma relação, mas no meu caso é dispensada. Gesticulando, nós nos entendemos muito bem. Falar do sexo é fácil em qualquer língua», conta numa conversa que decorreu à porta de uma casa noturna muito frequentada na capital guineense.

Nick cobra cerca de 60 euros por cada vez que vai para cama com um homem e acha que é um preço relativamente barato em relação aquilo que faz. “É um preço aceitável, tendo em conta a aquilo que sou e a manutenção da minha beleza. Faço muito bem o meu trabalho.

Eles gostam, por isso, venho sempre à vossa terra”, referiu de forma confiante e autoritária.

No início, conta que frequentava muito as discotecas, restaurantes, piscinas de hotéis e lugares públicos com roupas provocantes para “piscar homens”, mas agora com o mercado na mão, vem com uma agenda preenchida.

“Homens guineenses são bons em tudo, até nos ciúmes”, disse, antes de pedir para o repórter não revelar a sua identidade verdadeira, nem publicar a sua foto na Internet.

Sobre a crise política no seu país, a Gâmbia, a jovem mostrou não estar minimamente a par dos acontecimentos pós-eleitorais que ditaram o fim do mandato de Yahya Jammeh, esteve mais de vinte anos no poder. O que lhe interessa não é a atualidade política da Gâmbia, mas transformar a sua vida e dar uma boa educação ao filho, para que este possa servir o país no futuro.

Em jeito de ponto final à conversa com a Rádio Jovem, Nick Minaj saiu com um cliente que recusou prestar declarações.
Por: Braima Darame 13.02.2017

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