segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Jornalista ameaça suicidar-se...

O jornalista Sedrick de Carvalho, de 26 anos, escreveu uma carta, a partir da Cadeia de São Paulo, ameaçando suicidar-se em protesto pela sua detenção considerada ilegal, há 176 dias, que culminou com um julgamento teatral iniciado a 16 de Novembro.

Na carta aberta, o jornalista revela que, durante os seus seis meses de detenção, passou “2,093 horas sem ver a luz do sol, numa cela […] na Prisão de alta-segurança de Calomboloca”.

Sedrick de Carvalho alega haver uma estratégia deliberada, por parte das autoridades governamentais, de infligirem tortura psicológica, humilhação e outros abusos aos presos políticos de modo a causar-lhes “desequilíbrios mentais”.

“Recuso-me a receber toda e qualquer visita, pelo que lamento os esforços que a minha família (esposa, filhinha, pais e irmãos) certamente farão para que eu recue desta decisão”, escreve o jornalista. No sistema prisional angolano, as famílias providenciam os alimentos para os reclusos. “Em consequência, proíbo que me tragam alimentação (incluindo água), pelo que anuncio estar clara e efectivamente outra vez, em greve de fome, ” afirma o jornalista.

“Por negar-me a sair da cela (onde certamente morrerei nos próximos dias), autorizo e recomendo ao juiz Januário Domingos que me condene já, mesmo sendo eu inocente, pois não acredito em decisão contrária em Ditadura,” declara o preso político.

Segundo o jornalista, “talvez pareça desnecessário referir mas informo que não preciso de água para tomar banho, lavar a boca ou a roupa porque não tenho necessidade de fazer tais coisas.”

Sedrick de Carvalho é um dos 15 presos políticos detidos entre 20 e 24 de Junho, acusados de preparação de rebelião e tentativa de assassinato contra o Presidente José Eduardo dos Santos.

Por altura da sua detenção, Sedrick de Carvalho trabalhava como jornalista no semanário Folha 8 e dirigia a publicação desportiva online “O Golo”, que se encontra paralisada desde então.

“Estou de rastos, em choque. Eu discordo completamente dessa decisão. Ele tem de manter-se firme porque ele sabe que é inocente e está a ser usado como bode expiatório do governo,” lamenta Neusa de Carvalho, a esposa.
Encontram-se também em greve de fome os co-réus Luaty Beirão, Nelson Dibango, Albano Bingobingo e Mbanza Hamza.

Fonte: Maka Angola

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