O
jornalista Sedrick de Carvalho, de 26 anos, escreveu uma carta, a partir da
Cadeia de São Paulo, ameaçando suicidar-se em protesto pela sua detenção
considerada ilegal, há 176 dias, que culminou com um julgamento teatral
iniciado a 16 de Novembro.
Na
carta aberta, o jornalista revela que, durante os seus seis meses de detenção,
passou “2,093 horas sem ver a luz do sol, numa cela […] na Prisão de
alta-segurança de Calomboloca”.
Sedrick
de Carvalho alega haver uma estratégia deliberada, por parte das autoridades
governamentais, de infligirem tortura psicológica, humilhação e outros abusos
aos presos políticos de modo a causar-lhes “desequilíbrios
mentais”.
“Recuso-me
a receber toda e qualquer visita, pelo que lamento os esforços que a minha
família (esposa, filhinha, pais e irmãos) certamente farão para que eu recue
desta decisão”, escreve o jornalista. No sistema prisional angolano, as
famílias providenciam os alimentos para os reclusos. “Em consequência, proíbo
que me tragam alimentação (incluindo água), pelo que anuncio estar clara e
efectivamente outra vez, em greve de fome, ” afirma o jornalista.
“Por
negar-me a sair da cela (onde certamente morrerei nos próximos dias), autorizo
e recomendo ao juiz Januário Domingos que me condene já, mesmo sendo eu
inocente, pois não acredito em decisão contrária em Ditadura,” declara o preso
político.
Segundo
o jornalista, “talvez pareça desnecessário referir mas informo que não preciso
de água para tomar banho, lavar a boca ou a roupa porque não tenho necessidade
de fazer tais coisas.”
Sedrick
de Carvalho é um dos 15 presos políticos detidos entre 20 e 24 de Junho,
acusados de preparação de rebelião e tentativa de assassinato contra o
Presidente José Eduardo dos Santos.
Por
altura da sua detenção, Sedrick de Carvalho trabalhava como jornalista no
semanário Folha 8 e
dirigia a publicação desportiva online “O Golo”, que se encontra paralisada
desde então.
“Estou de rastos, em choque. Eu discordo completamente dessa decisão. Ele tem de manter-se firme porque ele sabe que é inocente e está a ser usado como bode expiatório do governo,” lamenta Neusa de Carvalho, a esposa.
Encontram-se
também em greve de fome os co-réus Luaty Beirão, Nelson Dibango, Albano
Bingobingo e Mbanza Hamza.
Fonte: Maka Angola
Fonte: Maka Angola
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