quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Voz da Rua...

Pintor Lemos
Tentarei criar uma linha de rumo que aborde questões que acontecem nas ruas de Bissau. Fugindo um pouco de notícias e opiniões populosos, que por um lado ajudam a evitar leviandades na abordagem e por outro exigiram maior rigor do profissional. Mas, dizia que, tentarei trazer para este mural, coisas que passam nas avenidas, ruas, becos e esquinas da nossa cidade capital.
Hoje, trago imagens do local que entristece qualquer um de nós, ou seja, o espaço onde labutam todos os dias e as condições de trabalho dos nossos irmãos artesões. Para quem conhece minimamente Bissau, estou a falar da "feira do artesanato" que nas traseiras do palácio da república.
Na fronteira entre o Bairro-Banco e Coqueiro, este local foi se tornando no maior espaço comercial de venda do artesanato guineense. Sem nenhum tipo de saneamento, o piso é de terra batida que quando chove, transforma-se num lamaçal impressionante.
Para quem conhece alguns países da região como Cabo-Verde, Senegal, Gambia, Togo, Benin e Costa de Marfim, tem-se a noção do tamanho da insignificância que os sucessivos governos foram dando a este setor da cultura. 

É que nos países referidos encontram-se sempre feiras de artesanato com boas condições de trabalho para a comercialização e melhor dignidade dos artesões. Aqui na Guiné, é o que se vê…  
Eles mesmos os artesões sentem-se abandonados à sorte pelos desgovernantes, pois até então não têm espaço próprio e segundo eles "este espaço era o estaleiro da empresa Areski…"
Quando a ocupámos, apereceram uns indivíduos da Câmara Municipal de Bissau, exigindo que devíamos pagar as taxas das feiras…Reclamamos na altura melhores condições na pavimentação, energia eléctrica, cacifos apropriados e pelo menos uma casa de banho" rematou um dos irmãos Lemos. 

Artista plástico, Lemos dividi o dia entre a criação de novos quadros e aulas de pintura no ateliê montado no local. 
"Por revelia deixamos de pagar as taxas para o município e nós mesmos criamos um sistema de autogestão para ir limpando, organizando e dando as mínimas condições a esta feira" concluiu.    

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