segunda-feira, 24 de abril de 2017

MARCHEI com MCCI...

Começando pelo fim! Subi no palanque e gritei com toda as forças que encontrei nas minhas cordas vocais: 

VIVA GUINEENSES INCONFORMADOS VIVA A LIBERDADE…VIVA A DEMOCRACIA…VIVA A JUVENTUDE!

Estou com uma rouquidão extraordinária, mas aliviado! Hoje dou razão as pessoas que sentem aquele friozinho na barriga, quando falam em público. Não é fácil! Comigo, depois das vivas, veio a sensação de reconforto. 

Cheguei em Bissau na última quinta-feira (20 de abril). Depois de uma noite tranquila e bem dormida, provocada provavelmente pelo cansaço da viagem, acordei com aquele barulho suave da madrugada que conheço bem. Afinal, estou em Bissau, minha terra, minha casa e fundamentalmente meu CHÃO!

Fiz a primeira visita obrigatória logo na sexta-feira (21 de abril) para saber do estado em que se encontravam os membros do Movimento cívico mais dinâmico e inconformado da atualidade guineense.

O Lesmes Monteiro está praticamente recuperado das lesões causadas pelo atentado e, psicologicamente está com determinação reforçada para continuar a LUTA. O Sana Canté e o Bernardo Mário Catchura, também se sentem cada vez mais confiantes para prosseguir com as manifestações populares e mostrar o inconformismo perante esta CRISE que perdura, parecendo não ter fim. 
Espero que a não participação dos três na última MARCHA, tenha o efeito pretendido pelos acolhedores do refúgio em que estão submetidos, considero acertada a medida decretada de se manterem resguardados. Espera-se uma redução de PRESSÃO sobre eles, tendo em conta a realização da última marcha. Conta-se também com maior segurança aos três, prometida pelas autoridades policiais, onde a integridade física deles seja realmente garantida e preservada! 
  
Durante o final de semana matei saudades com a família, entre almoços e djumbais, não faltaram as ostras e camarões molhados naquele molho de limão com malagueta. Reencontrei amigos de longa data que não via décadas. Foi um prazer enorme trocar impressões com o amigo, irmão e camarada Hilénio César de Carvalho e, também foi delicioso o jantar no restaurante do mano Zemas Travolta, partilhado com o meu kumpadri Ricardo Rosa e esposa.
Voltando a minha participação na Manif de sábado (22 de abril). A viajem até a rotunda do aeroporto foi agradável, preenchida com uma conversa animada com o taxista, onde fui questionando se teria pernas para aguentar todo o percurso de volta até a praça de Bissau. Aguentei e bem, tanto assim que tive forças de subir no púlpito para falar e gritar pela LIBERDADE. Na verdade, queria falar sobre três questões:

A primeira seria para perguntar a Sua Excelência o Sr. PR Jomav, sobre a questão da apropriação de campos agrícolas dos camponeses que não estão a fazer o uso dela, segundo a sua intervenção na última presidência (des)aberta, isto para fazer a seguinte pergunta:

Se vão ser retiradas as posses de terra dos camponeses que não estão utilizando os campos para o cultivo, o que se irá fazer aos proprietários dos imóveis devolutos que proliferam em Bissau???

Também lhes serão retirados esses patrimônios uma vez que até então não fazem o uso deles e encontram-se em estado de degradação avançada???

A segunda questão que gostaria de levantar na minha intervenção, seria sobre as declarações do PM Sissoko, em relação a forma dúbia que tratou a violência exercida sobre o ativista Lesmes Monteiro, ou seja gostaria de perguntar:

Como é que o PM durante a intervenção no Bairro Copelum (Pilum) disse que a agressão se relacionava com “ajustes de contas entre os membros do Movimento” e dois ou três dias depois o mesmo PM afirmou desconhecer o assunto da agressão numa audiência concedida ao Movimento da Sociedade Civil???

Terceira e única questão que o nervosismo do palanque deixou-me discursar trata-se da “estória” do caboverdiano que foi reclamar junto de Deus, sobre a partilha das riquezas naturais com relação a Guiné…

O resto da estória talvez um dia escrevo, pois já foi contada no comício.

 Foto: Fernando Saldanha

Feito em Bissau na manhã de segunda-feira (24 de abril).
 
Fui!!!           

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