ARQUIVO - É agradável
sujeitar-se a surpresas que nos põem bem dispostos, ou bem impressionados. Se
uma surpresa agradável é fácil de gerir, inversamente, a desagradável é difícil
de digerir porque arrasta consigo vários sentimentos, nomeadamente, o
desapontamento, para não citar outros da mesma natureza.
Tudo para dizer
que...
Um dos grandes
méritos da independência é que pôs fim definitivamente à separação dos cidadãos
em civilizados (os assimilados) e indígenas (os não assimilados). Todos
passaram a ser "civilizados", mesmo os que não conviveram de perto
com os colonizadores e, por isso, não aprenderam a viver na "praça"
como o "branco" faltando-lhes, por isso, "as boas
maneiras", como se diz por aí, "saber entrar e sair na
sociedade".
Do movimento massivo
das pessoas nos dois sentidos (cidade-campo e vice-versa), e do êxodo maciço
das tabancas ao centro, em busca de melhores condições, vieram gentes que não
sabiam como pegar uma colher, que falavam mal o crioulo (com forte sotaque
étnico), que nas suas casas não tinham mesa e cadeiras, etc., etc., mas que não
tinham qualquer culpa de serem aquilo que eram e nem estarem naquelas
condições.
Aliás, cada um dos
"civilizados" radicados nos centros tinha longas raízes genealógicas
que não se circunscreviam apenas ao perímetro da sua vivência diária.
De qualquer maneira,
havia valores que todos perseguiam - ser civilizado, ter boas maneiras, saber
entrar e sair na sociedade, e "ter escola". Os que não podiam entrar
nessa roda, procuravam que os filhos adquirissem o que neles faltava. E deu-se
a mistura na sociedade, sobretudo das crianças "civilizadas" com as
"indígenas", provocando o derrube da "barreira social" e o
surgimento de nova plataforma de relacionamento entre os cidadãos.
Não obstante esse
nível não ser vedado a ninguém, muitos não conseguiram chegar lá; uns por falta
de vontade, outros porque não foram capazes de acompanhar a evolução da
sociedade.
O GRAVÍSSIMO nesta história, é o facto de hoje, passados tantos anos sobre a descolonização haver gente que pretende DESAJEITADA e ATABALHOADAMENTE fazer APROVEITAMENTO POLÍTICO (de baixo nível sublinhe-se), de acto que só teve valor na época colonial, para "mobilizar votos" e para mostrar, a quem de direito, que estão afinados pelo mesmo diapasão.
A pergunta que se
coloca a esses senhores cuja MEDIOCRIDADE não deixa qualquer dúvida é: QUE VALORES
PROMOVEM?
O que pretendem
esses senhores ao declararem, publicamente, em comício com cobertura mediática
que são FILHOS DE TABANCA? Mas, será que não há diferença entre o "filho
de tabanca" que trabalha e dorme e anda em carros com AR CONDICIONADO?
Tanta
mediocridade(!) dão provas de ter que não pensam que estão a ir contra um dos
princípios que sempre se defendeu na Guiné-Bissau, que é UNIDADE NACIONAL.
POR FAVOR, façam
campanhas políticas mas não promovam divisões na sociedade, que não é salutar
para ninguém! Não podemos acabar sem apontar este registo:
OS MEDÍOCRES, os
incapazes de ter ideias novas; incapazes de conceber projectos susceptíveis de
arrastar as massas às suas fileiras é que se escondem atrás de slogans baratos
com pendor divisionista.
Sabemos pois que
sois gente MEDÍOCRE mas mesmo assim arranjai outra forma de segurar os KURUS. E
mais: SÓ RASTEJAM OS RÉPTEIS, O HOMEM NÃO!
Quinta-Feira,
30/01/2003 GN
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