sexta-feira, 24 de março de 2017

SIMPLESMENTE MEDÍOCRES

ARQUIVO - É  agradável sujeitar-se a surpresas que nos põem bem dispostos, ou bem impressionados. Se uma surpresa agradável é fácil de gerir, inversamente, a desagradável é difícil de digerir porque arrasta consigo vários sentimentos, nomeadamente, o desapontamento, para não citar outros da mesma natureza.

Tudo para dizer que...

Um dos grandes méritos da independência é que pôs fim definitivamente à separação dos cidadãos em civilizados (os assimilados) e indígenas (os não assimilados). Todos passaram a ser "civilizados", mesmo os que não conviveram de perto com os colonizadores e, por isso, não aprenderam a viver na "praça" como o "branco" faltando-lhes, por isso, "as boas maneiras", como se diz por aí, "saber entrar e sair na sociedade".

Do movimento massivo das pessoas nos dois sentidos (cidade-campo e vice-versa), e do êxodo maciço das tabancas ao centro, em busca de melhores condições, vieram gentes que não sabiam como pegar uma colher, que falavam mal o crioulo (com forte sotaque étnico), que nas suas casas não tinham mesa e cadeiras, etc., etc., mas que não tinham qualquer culpa de serem aquilo que eram e nem estarem naquelas condições.

Aliás, cada um dos "civilizados" radicados nos centros tinha longas raízes genealógicas que não se circunscreviam apenas ao perímetro da sua vivência diária.

De qualquer maneira, havia valores que todos perseguiam - ser civilizado, ter boas maneiras, saber entrar e sair na sociedade, e "ter escola". Os que não podiam entrar nessa roda, procuravam que os filhos adquirissem o que neles faltava. E deu-se a mistura na sociedade, sobretudo das crianças "civilizadas" com as "indígenas", provocando o derrube da "barreira social" e o surgimento de nova plataforma de relacionamento entre os cidadãos.
Não obstante esse nível não ser vedado a ninguém, muitos não conseguiram chegar lá; uns por falta de vontade, outros porque não foram capazes de acompanhar a evolução da sociedade.

O GRAVÍSSIMO nesta história, é o facto de hoje, passados tantos anos sobre a descolonização haver gente que pretende DESAJEITADA e ATABALHOADAMENTE fazer APROVEITAMENTO POLÍTICO (de baixo nível sublinhe-se), de acto que só teve valor na época colonial, para "mobilizar votos" e para mostrar, a quem de direito, que estão afinados pelo mesmo diapasão.

A pergunta que se coloca a esses senhores cuja MEDIOCRIDADE não deixa qualquer dúvida é: QUE VALORES PROMOVEM?
O que pretendem esses senhores ao declararem, publicamente, em comício com cobertura mediática que são FILHOS DE TABANCA? Mas, será que não há diferença entre o "filho de tabanca" que trabalha e dorme e anda em carros com AR CONDICIONADO?
Tanta mediocridade(!) dão provas de ter que não pensam que estão a ir contra um dos princípios que sempre se defendeu na Guiné-Bissau, que é UNIDADE NACIONAL.

POR FAVOR, façam campanhas políticas mas não promovam divisões na sociedade, que não é salutar para ninguém! Não podemos acabar sem apontar este registo:

OS MEDÍOCRES, os incapazes de ter ideias novas; incapazes de conceber projectos susceptíveis de arrastar as massas às suas fileiras é que se escondem atrás de slogans baratos com pendor divisionista.

Sabemos pois que sois gente MEDÍOCRE mas mesmo assim arranjai outra forma de segurar os KURUS. E mais: SÓ RASTEJAM OS RÉPTEIS, O HOMEM NÃO!

Quinta-Feira, 30/01/2003 GN

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