quarta-feira, 25 de maio de 2016

Óculos precisam-se.

País desfocado. A única coisa que é certa nesta vida é: de tédio o Guineense não morre. Gramsci dizia que crise é quando o velho já morreu e o novo ainda não pôde nascer intervalo durante o qual ocorrem as mais diversas expressões mórbidas.

Quando penso que já vi e ouvi de tudo, acontece sempre algo, que supera tudo. O pandemônio, a bagunça, a trapalhada e a desordem no ambiente político nacional fizeram-me lembrar de uma cena divertida e ácida do filme de Woody Allen “Desconstruindo Harry”.

Nela, um personagem desnorteado pela incompreensão total sobre tudo e todos declara que o mundo está fora de foco.

O interlocutor, responde que a vida anda igualzinha; que o tal personagem precisa simplesmente de óculos para corrigir a miopia. Os óculos eram a solução para a visão distorcida da realidade.

Pois bem, faz um tempo, que procuro uma lente capaz de pôr fim à deficiência que me priva de ver com nitidez a GB. Num momento da nossa História recente cruzamos a fronteira do ridículo. Não satisfeitos, seguimos adiante.

Estamos, agora, a léguas de distância do caminho da racionalidade. E pior, sem um mapa que a ele nos devolva. Perdeu-se o foco. Óculos precisam-se.


Por: Fatumata Jau

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