Reportagem: CENTRO DE PRÓTESE DE QUELÉLÉ – “BOMBEIRO” DE DOENTES DE
TROMBOSE
O
aumento de casos de acidente vascular cerebral (trombose) está a constituir um
desafio enorme ao sistema nacional de Saúde Pública e em particular para os
técnicos de Centro de Recuperação e Reabilitação Motora. Regista-se cada dia no
país casos de doentes de acidente vascular celebrar (trombose) que deixa as
autoridades sanitárias de mãos atadas e sem uma solução à vista, em termos de
tratamento e cura eficiente da doença, razão pela qual a maioria das vítimas
recorre às curas tradicionais e espirituais.
Ainda
de acordo com o especialista de saúde, a maioria dos pacientes com hipertensão
arterial apresentam insuficiências cardíacas, que são provocadas, na maioria
dos casos, pelo estilo de vida levada pelas pessoas, e isso pode favorecer as
condições de alto risco para padecer da doença de trombose.
Centro
de Prótese, como é conhecido pelos guineenses, é o único centro que cuida de
reabilitação das pessoas atingidas pela trombose, está situada no Bairro de
Quelélé (periferias de Bissau.
Neste
momento, centro depara-se com várias dificuldades a começar pela superlotação
do seu espaço, insuficiência de técnicos com formação específica na área, falta
de piscina de natação para casos de recuperação, falta de rampa de treino para
quem precisa de exercício de reabilitação física.
Sobre
a sua situação do centro, uma equipa de reportagem do semanário “O Democrata”,
deslocou-se ao local, para se inteirar da real situação de funcionamento desta
instituição que é tida como o “Bombeiro” de doentes de trombose, dado que
consegue salvar vidas dos doentes, ou seja, ajuda de que maneira na recuperação
das pessoas atingidas por AVC.
OFICIAIS MILITARES APODERAM-SE DO ESPAÇO DO
CENTRO
Uma
das dificuldades do centro tem a ver com a situação do espaço para abrir mais
serviços técnicos que poderiam ajudar facilmente na recuperação de doentes,
dado que o existente e que outrora pertencia ao perímetro do centro é ocupado
agora por oficiais militares e alguns particulares que aí construíram casas.
Segundo
informações apuradas pelo repórter do Jornal “O Democrata”, a ocupação do
terreno de centro começou depois do Conflito- Político e militar de 07 de Junho
de 1998, em que os oficias decidiram ocupar parte do centro para construir
casas.
As
residências construídas para receber pacientes provenientes do interior do país
e sem família em Bissau, foram igualmente ocupadas por militares que, de acordo
com as informações, alegam que o edifício e o próprio centro pertence ao
ministério da Defesa Nacional e não ao ministério da Saúde Pública.
SERVIÇO DE FISIOTERAPIA DO CENTRO ATENDEU MAIS DE
MIL PACIENTES EM 2015
O
serviço de fisioterapia do centro atendeu, para efeitos de tratamento através
de exercícios físicos e massagem em 2015, 1.929 (mil e novecentos vinte e nove
pacientes). Entretanto, o número de pacientes que recorrerem aos serviços,
superou os dados de 2014, que foram estimados em 1.474 (mil e quatrocentos
setenta e quatro).
Ainda
de acordo com as estatísticas, a maior parte dos pacientes recebidos no centro
é de idades compreendidas entre 30 e 40 anos, que são considerados de primeiro
grupo. Enquanto o segundo grupo é constituído por idosos, ou seja, pessoas com
mais de 50 anos de idade.
Um
número considerável de pacientes acaba por desistir do tratamento devido a
dificuldades financeiras para custear o transporte de casa para o centro e
vice-versa. Tendo em conta a desistência do tratamento por pacientes, o centro
a não dispõe do número exacto de pessoas que recorrem ao tratamento no mesmo.
PACIENTES PAGAM DOIS MIL FRANCOS CFA DIÁRIOS PARA
A SESSÃO DE EXERCÍCIO
O
serviço de fisioterapia do centro dispõe apenas de quatro técnicos formados na
área e os restantes são simplesmente pessoas recrutadas e com vontade de
assistir os doentes sob a orientação dos técnicos. Essa situação, de acordo com
as informações, é uma das grandes dificuldades desta instituição, sobretudo no
concernente a resposta eficaz do serviço solicitado pelos pacientes.
A
sala do ginásio tem a capacidade para acolher entre 15 a 20 pacientes para a
sessão de exercício, mas tendo em conta a procura do serviço leva muito mais do
que a sua capacidade normal. Esta situação dificulta os técnicos em temos de
orientação dos exercícios.
O
preço praticado para o exercício aos pacientes estima-se em dois mil Francos
CFA diários, sendo os mais executados pelos doentes são: a massagem corporal,
correcção de marcha e mobilidade.
PACIENTES PEDEM AO EXECUTIVO PARA DAR APOIO
TÉCNICO E FINANCEIRO AO CENTRO
Não
obstante as dificuldades de ordem materiais e de recursos humanos, Centro de
Recuperação e Reabilitação Motora tem registado sucessos no
tratamento de pacientes afectados por Acidente Vascular Cerebral.
Este
facto foi testemunhado por uma vítima das, Paula da Silva, de 45 anos de idade,
mãe de três filhos, que contou a nossa reportagem que logo depois de ser
atingida pela doença, não conseguia fazer nada sem ajuda das pessoas, tendo
chegado a pensar que jamais recuperaria das mazelas por forma a retomar as suas
actividades normais.
Paula
da Silva explicou com uma voz trémula que
conseguiu recuperar da doença graças a intervenção dos
técnicos do Centro, que lhes apoiaram psicologicamente e no
tratamento, durante o período de um ano em que durou o seu
tratamento. Contou ainda que graças ao tratamento que recebeu agora consegue
andar sem ajuda de ninguém.
Reconheceu
no entanto, que o centro se depara com dificuldade de várias ordem, por isso
aproveitou o nosso semanário para apelar ao governo no sentido de criar mais
condições ao centro em termos materiais de trabalho, a fim de fazer o seu
trabalho.
Um
outro paciente de 27 anos de idade, que escusou-se de revelar o nome, pediu o
executivo no sentido de prestar muita atenção ao centro, tendo em conta o
trabalho de salvar vidas das pessoas que tem feito. Acrescentou ainda que na
sua opinião deve ser criadas condições ao centro para acolher os pacientes
provenientes do interior.
“Apanhei
essa doença no ano passado, mas consegui recuperar graças ao tratamento do
centro, por isso apelo as pessoas de optarem pelo tratamento do centro em vez
de recorrer ao tratamento tradicional, que muitas vezes acabam por ficar ainda
mais pior”, notou o jovem.
JOÃO KENNEDY RECONHECE FALTA DE CAPACIDADE DE
ATENDIMENTO DO CENTRO
O
director do Centro, João Kennedy
de Pina Araújo,
reconheceu na entrevista à nossa reportagem que o aumento de casos de doentes
de AVC está a ter consequências directas no centro, dado que não dispõem de
capacidade de atendimento em termos técnicos e de pessoal para dar uma resposta
satisfatória.
Revelou
que diariamente os técnicos do centro atendem mais de 60 pacientes provenientes
de diferentes bairros da capital e inclusive os que vêm das regiões, que
segundo ele, acabam por abandonar o tratamento devido a falta de espaço para
residirem bem como de meios financeiros para pagar o transporte diário.
“Sabemos
que há um número significativo de pessoas do interior que precisam do centro
para o tratamento, mas que infelizmente não têm a informação sobre a existência
do centro e do seu serviço. Há aqueles que têm informação sobre o serviço do
centro, mas infelizmente preferem recorrer o tratamento tradicional, então
muitas dessas pessoas não conseguem recuperar-se e por último recorrem ao
centro. E muitas vezes essas pessoas chegam em situação cansada e isso nos
dificulta e muito”, explicou.
Assegurou
que o centro tem equipamentos técnicos básicos para fazer recuperação de
qualquer cidadão atingido pela doença. Contudo, lamentou a falta de espaço para
ampliação, ou seja, a criação de outros serviços que poderiam ajudar facilmente
na recuperação de doentes.
ESTILO DE VIDA LEVADO PELAS PESSOAS FAVORECE
RISCOS DE ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL
Entretanto,
a nossa reportagem contactou um especialista de saúde para falar das causas do
AVC (trombose) e as medidas que se podem adoptar para a sua prevenção.
Quinhi
Nantote que igualmente exerce a função de director-geral do Hospital Militar
Principal, explicou à nossa reportagem que a maioria dos pacientes com
hipertensão arterial apresentam insuficiência cardíaca, que de acordo com ele,
são provocadas na maioria dos casos pelo estilo de vida levado pelas pessoas.
“O
estilo de vida levado pelos indivíduos favorece as condições de alto risco para
padecer da referida doença. Este estilo de vida leva as pessoas a acumular o
colesterol, especificamente no coração, limitando o seu normal funcionamento.
Um coração com essas condições facilmente padece de outras arritmias que
podem levar ao desprendimento de um êmbolo, que
pode ser uma partícula, um coágulo ou gordura acumulada, que no seu trânsito de
circulação pode entupir uma artéria e fazer o indivíduo apresentar um quadro de
trombose, sobretudo provocado por fibrilação
auricular”, explicou o especialista.
Assegurou
ainda que as diabetes são igualmente um dos factores de risco graves para
doenças cardiovasculares, uma vez que são associadas à hipertensão, como também
facilita a acumulação de colesterol nos obesos.
“Na
Guiné-Bissau, a falta da procura de centros de saúde por parte dos pacientes
levou ao aumento da patologia da doença e da sua gravidade”, notou o médico
que, entretanto, sustentou que os pacientes só procuram os centros médicos,
quando se encontram na fase mais avançada da doença.
Aproveitou
a ocasiãao para aconselhar à população e principalmente aos da faixa etária de
35 anos de idade para cima, no sentido de procurarem conhecer o seu estado de
saúde.
“O
metódo mais ideal de prevenção da doença é conhecer o seu estado de saúde,
sobretudo quando estiver nos 35 anos de idade ou mais. Fazendo a determinação
da pressão arterial, principalmente quando está a ganhar peso”, conclui.
De
referir que o Centro de Recuperação Reabilitação Motora começou a funcionar na
década de 1990, mas parou durante o Conflito Político Militar de 1998. Foi
reconstruído em 2011 com o apoio da Comunidade Económica dos Estados da África
Ocidental (CEDEAO), tendo sido equipado pela Cruz Vermelha Internacional.
Por: Tiano Badjana/Alcene Sidibé (O
Democrata)
Nota do Editor
Para
não ser Juiz de causa própria, não irei fazer nenhum comentário, apenas
gostaria de lembrar que, o médico e diretor do Centro de Recuperação
Reabilitação Motora, é meu irmão mais novo!!!
Gostaria
tão só, marcar a satisfação e orgulho pelo excelente trabalho que ele está a
desenvolver na Guiné. Permitam por isso que dê os meus parabéns ao meu mano-novo
Kennedy!
MATCHU,
parabéns pa es grandi TARBADJU, ku bu na fassi na GUINÉ!!!
Força e muitos sucessos!!!
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