quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Crónica: ALMAS GÉMEAS

23 Fevereiro de 2017 - 30 Anos da Morte de Zeca Afonso

27 Maio 2017 - 40 Anos da Morte de José Carlos Schwarz
Tinham em comum o primeiro nome. José. Mas não só. Comungavam muito mais: o dom de dizer em palavras cantadas o sentir de todo um povo. 
Almas inquietas, partilhavam, poeticamente, a rebeldia e a coragem de denunciar a opressão, de dizer Basta à tirania. Cantando! 
Viveram Lutando com o poder das palavras e da música, pela Liberdade, esse bem inestimável. 
Um em portugal, outro na Guiné-Bissau, contribuiram os dois, cada um no seu palco, para o fim do Colonialismo e da Ditadura.
Enquanto um perguntava rasteiramente " Ké ki mininu na tchora? " o outro alertava que " eles - os Vampiros - , comem tudo e não deixam nada".
Um consolava as viúvas da luta de libertação, as gloriosas "Mindjéris di pano Preto"; o outro alertava que " A Morte saiu à rua num dia assim, naquele lugar sem nome pra qualquer fim" .
Hoje assinalam-se os trinta anos da morte do Zeca Afonso. No próximo dia 27 de Maio será a vez de lembrarmos que já passaram 40 anos desde a morte de José Carlos Schwarz.
Duas grandes vozes da luta pela Liberdade dos povos oprimidos da Guiné-Bissau e Portugal. Talvez nunca se tenham conhecido pessoalmente, mas isso pouco importa. 
O que importa é que ficaram conhecidos nas duas Pátrias, que pela Liberdade lutaram.
E o que importa agora e mais do que nunca, é cantá-los em voz alta para as gerações vindouras. Fazem falta. 
O Zeca a um Portugal que se acinzenta de novo, a cada dia que passa, relegando para insignificante plano os cimeiros valores da Liberdade e Tolerância. Silenciosamente.
O Zé Carlos a uma Guiné que perdera o Norte faz tempo. A uma Nação que quer voltar a acreditar num amanhã livre e próspero. Urgentemente.
Tal como faz falta a Portugal acreditar e voltar a cantar "Grândola Vila Morena", assim faz falta a Guiné reviver e cumprir "Djiu di Galinha".
Mais do que animar a malta, o que faz falta é tê-los os dois, o Zeca e o Zé Carlos, de novo junto a nós. Junto ao Povo. Sempre.

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