O
povo guineense assiste passiva e impotentemente a mascarrada dos políticos que
se comportam em autêntica banda de “criminosos” neste país empobrecido. A atual
crise demonstra até que ponto esses senhores estão dispostos a disputar o poder
em detrimento de sacrifícios de quase dois milhões de almas. É dolorosa esta
tamanha falta de respeito para com o povo, o único detentor do poder.
Mergulhados numa arrogância cega, os políticos não ouvem e nem respeitam a
ninguém e a consequência de tudo isso é o abismo a que todos nós assistimos
hoje.
A
atual crise política podia ser evitada se houvesse o bom senso, o respeito e a
vontade de diálogo. Infelizmente, a cultura da anarquia, de “matchundadi”
suplantaram todos os valores éticos e morais que devem sustentar o exercício
saudável da política. E nisto, há que se atribuir devidas responsabilidades.
O
principal responsável perante este descalabro colectivo, na nossa opinião, é o
Presidente da República que, em vez de ser um verdadeiro árbitro e promotor de
diálogo entre diferentes partes, preferiu integrar a orquestra de
conflitualidade e arrastar o país para o abismo. Sendo parte de problema, o
Chefe de Estado vê limitada a sua margem de manobra enquanto garante de
estabilidade e de unidade nacional. O Presidente falhou de forma flagrante! Um
Presidente não deve pertencer ou aproximar-se a uma ala – sob pena de não
inspirar confiança outra(s) ala(s) em conflito.
José
Mário Vaz deve imperativamente sair hoje do silêncio a que se remeteu e
redefinir a sua visão de liderança de Estado. De Chefe de Estado. É urgente ao
Presidente abandonar a lógica de cumplicidade, de conflitualidade, de confronto
em detrimento da lógica de construção de amplos consensos através de diálogo
constante entre diferentes atores nacionais. Só isso trará a concórdia e abrir
caminho para a reforma política profunda neste país. Qualquer que seja a
mudança, não se faz com o medo nem com a força.
Este
país não pode avançar com a lógica de confronto que sistematicamente assassina
quaisquer esforços e iniciativas positivas com vista a criar condições para o
progresso. Este país já experimentou todas as formas de crises e é tempo de
corrigir e avançar. A roda já foi inventada, não há nada mais por fazer.
A
solução para atual impasse resultar-se-á obrigatoriamente pela mudança de
atitude da classe política através da tolerância, do respeito mútuo e sobretudo
do diálogo. Os conflitos sempre existirão e é na concertação permanente onde
reside a fonte do remédio da convivência sã. Só quem entende esse preceito pode
integrar a lista de políticos bem sucedidos na política, no conceito da
democracia – do povo, para o povo e com o povo.
O
Povo guineense aspira viver em paz e experimentar o progresso a que tem
direito. É inadmissível que o grupo de indivíduos continue a criar obstáculos à
realização deste sonho merecido. Basta de política de “barriga cheia”, de
anarquia e miséria do povo!
Este
país merece uma classe política melhor que esta que tem. Há que ter respeito
para com o povo. Brincar com o povo é perigoso. A história já demostrou!
Nota do Editor
Logo que li este magnífico editorial do jornal “O DEMOCRATA” capitaneado
pelo António Nhaga, grande profissional da arte de informar e fazer jornalismo
guineense a sério, lembrei-me, deste outro jornal, “ÚLTIMA HORA” do
também feroz profissional Athizar Mendes Pereira, que peço carecidamente, a sua
participação no espaço virtual.
Sempre gostei das primeiras páginas do jornal "Última Hora". Neste por exemplo, nota-se no
tempo, o desfasamento entre o discurso e a AÇÃO de duas figuras da atualidade política. E por outro lado, nos acalentam com o recado de esperança, vendo um dos
maiores pensadores da atualidade africana que é, um bom FIDJU que a Guiné deu ao
Mundo.
A Guiné vai conseguir vencer esta nova onda gigante provocado pelos
draconianos absolutistas, e surfar nas boas praias da razão. Nota-se que todos já deram conta que o "Rei vai nu", todos, menos a claque das intrigas palacianas da nossa (res)pública. Ao que isto chegou, pela falta de bom conhecimento, no manuseamento da arte de fazer política.
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