domingo, 4 de dezembro de 2016

NEM A MORTE CONSEGUIU JUNTÁ-LOS

Após ter visto a reportagem “Especial Buscardini” da Televisão da Guiné-Bissau da homenagem à ex-combatente da Liberdade da Pátria, Isabel Buscardini, falecida semana passada em Bissau, percebi logo que o entendimento entre a classe política guineense é uma realidade cada vez mais adiada.

Entretanto, há um muro da discórdia que separa ambos que nem o sentimento de dor da morte consegue aproximá-los por alguns instantes - - o que me parece triste e lamentável!

Estão avassalados pela ambição apocalíptica que, mesmo durante as cerimónias do corpo presente da ex-combatente conseguiram poupar o lançamento dos tiros.

Durante o ato, realizaram várias intervenções políticas para além das mensagens que alguns enviaram ao saudoso Amílcar Cabral, como se a malograda não tivesse cansada e, tinha que levar consigo a bagagem dos vivos para a eternidade.

Tudo foi orquestrado com objetivo de conquistar a notoriedade assim chegar ao poder quanto antes, mesmo que seja à custa da família enlutada.
Numa sociedade normal, as campanhas de marketings políticas e de qualquer crítica face ao adversário são atos que devem ser expressos nos fóruns políticos.

O dia de funeral seria bem mais um motivo para prestarmos a nossa solidariedade e servir-se do exemplo para reconciliarmo-nos conosco mesmo.

Descanse em paz na Glória, Senhora Buscardini!


 Nota do Editor

Excelente texto do mano Baldé Amadila que conseguiu ver com olhos de ver, manobras indecorosas aproveitando uma situação de dor e sofrimento pela perda de uma pessoa querida. 

Confesso que também vi essa rubrica da TVGB. Ainda estou incrédulo! Pior é que está a ser partilhado e promovido por um "destacado profissional" de comunicação que começou precisamente na televisão! Estive a ver 44 minutos de desinformação pura, desenquadramento e desrespeito para o papel de informar e formar do jornalismo sério!

Nem é preciso ser profissional para reparar que a voz-off  fala de uma coisa e a peça trata de outra, numa salgalhada com cheiro a campanha para a liderança num pretenso "Congresso" antecipado dos Libertadores.   

Não sei que nome se deve dar a tamanha desumanização da política na Guiné-Bissau. Nestas horas apetece lembrar uma das músicas do saudoso José Carlos com a celebre estrofe que remata“Si bu djunta ku purko, fôrel ku bu ta kumê, na mandjuandadi di partido kalda...”   


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