Passaram-se sete dolorosos anos...

"... foi assim que te propus/ no circuito de lágrimas e fogo, povo meu/ o hastear eterno do nosso sangue/ para um amanhecer diferente". (poema de Yu Proença lapidado em seu túmulo).

Passaram-se sete dolorosos anos deste o assassinato do meu amigo e brilhante oponente Hélder Magno Proença M. Tavares, Yu Proença, no dia 05/06/2009. Yu foi uma das mais fervilhantes e criativas inteligências que eu conheci.

Arguto, destemido, culto, elegante no modo, sedutor no gesto, envolvente, estratéga e ardiloso, mas sempre Leal. Homem de verdade, amigo, conhecedor das fronteiras intransponíveis da moral e dos costumes, esgrimia as armas da política como arte nobre de cavalheiros.

Yu desapareceu no país da injustiça e da impunidade, e com ele uma porção da política como acto de Cultura e de causas foi também barbaramente sepultada neste chão conspurcado pelo sangue dos bons, vertido a mando de medíocres. 

As lideranças de hoje aplaudiram em júbilo o silenciamento dos mais capazes e mais dotados. Quantos mais "poilões"/ embondeiros tombarem e maior for o deserto, mais despontam as árvores raquiticas e maior é o brilho que ostentam. A sociedade em que hoje vivemos resulta desta sequiosa gula que devorou os mais capazes, como Hélder Proença e abriu caminho à mediocridade que hoje campeia.

Que lá no assento etéreo onde ele nos aguarda sua luz continue a eradiar sobre nós, apontando-nos os caminhos da construção da grandeza de uma nação, que apenas depende da bondade dos seus filhos. Querido Yu, enquanto eu aqui estiver, cre que eu continuarei a acreditar que depois deste " circuito de lágrimas e fogo " no " hastear do nosso sangue" , surgirá finalmente " um amanhecer diferente ".

Recordando Hélder Proença, Yu, com infinita saudade do amigo do coração e oponente em tantas e tão nobres disputas e confrontações no tempo em que havia políticos / no tempo antes da política ter sido morta e sepultada neste chão sagrado dos nossos avós. Glória Eterna, meu amigo visionário, destemido e bravo combatente. Até sempre, camarada.

Por: Helder Vaz