Passo
a vida a partilhar notícias sobre o mundo, África, Europa e o resto do mundo.
Adoro a humanidade já fui a quatro continentes e falta ir a Austrália. Adoro
conhecer novos povos e viver novas experiências.
Quando
terminei liceu em Portugal escolhi logo viver em Bissau, capital do meu país
onde nunca vivera antes... nasci e cresci no interior do meu país, de norte a
sul.
Escrevo
estas linhas porque percebi que muitos africanos se sentiram ofendidos porque,
dizem eles, nós somos africanos e não somos solidários com as tragédias que
sucedem na África e agora fazemos posts sobre atentados de Paris.
Como
se pode questionar minha solidariedade com África se vivo num país africano,
meu filho, minha mãe, meu irmão e toda a sua família? Apesar das frequências
com que me desloco para Europa, quando chego a Portela faço a fila dos
portadores dos passaportes não europeus.
Como
posso ser questionado por ser solidário com actos bárbaros praticados pelo
mundo fora -neste caso a França de onde vim há uma semana onde passo quase meio
ano - por aqueles que vivem em países ocidentais, usam passaportes de países
ocidentais, seus filhos mal conhecem a Guiné-Bissau?
A
maioria dessas pessoas quando chegam as suas casas e ligam televisão apanham
preferencialmente canais ocidentais, vendo notícias preferencialmente do
ocidente como é óbvio. Quantas dessas pessoas são assinantes de um canal de
informação de um país africano lá no ocidente onde vivem?
Não,
não levarei esse debate no lado onde se diz que quem não chora não mama, levo-a
do lado de um africano que escolheu viver na Guiné-Bissau, um país onde me
falta tudo que é de essencial que fez essas pessoas preferirem viver no
ocidente, para terem um serviço de saúde para os seus filhos, um sistema de
ensino consistente e uma segurança social que até ajuda quem nunca trabalhou,
não preciso de lição em como se é um bom africano.
Querem
mostrar que gostam de África e se preocupam, venham todos para cá, vivem o
terror dos vossos filhos poder morrer de paludismo uma doença extinta onde
escolherem confortavelmente viver, aí podem tentar me dar lição como ser
africano e como é terrível viver num dos mais pobres países da África e do
mundo.
Em
2011, fiquei prezo no aeroporto de Lagos por causa das bombas de Boko Haram,
onde só precisava de 26 min de voo para o meu destino e vivi terror que aqui
partilhei. Não lembro de ter lido vários comentários.
Quem
quiser odiar ocidente que escolheu livremente para viver e educar os seus
filhos, é contraditório, mas que o faça livremente. Nada comigo, eu escolhi ser
solidário com povos que são solidários connosco, com meu país sempre que
estivemos em apuros e acolhe pessoas que eu amo. Mas por favor não me ensinem a
ser africano que é tudo que sempre fui e ainda sou...
Assim
a minha solidariedade incondicional com todos os que vivem em França, aquelas
pessoas com quem estou quando passo por lá, em especial, mas extensivo à um
povo que sofre...
Por: Gorky Medina
Nota Editor
Comentário facebook: Mano
está tudo dito! Faço minhas as tuas lindas, corajosas e esclarecedoras
PALAVRAS. Grande alcance para aquilo que é o sentimento HUMANO, nível superior
para correntes de pensamentos coerentes, éticos e soberanos...
Aquele abraço
IRMÃO e PAZ à alma de todos os HOMENS barbaramente assassinados nas RUAS de
PARIS, RIO, LAGOS, CABUL, TRÍPOLI, LUANDA e porque não BISSAU!
Mantenhas
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