Capa da primeira edição de O Leviatã, de
Hobbes
Considerado um dos principais teóricos do absolutismo, Thomas Hobbes,
em sua expressiva obra política Leviatã (1651), retrata a condição humana, o
homem em estado natural, como um ser antissocial. Segundo sua concepção, a
natureza privou o homem do instinto da sociabilidade, pois vive em constante
disputa com os demais: o homem é o lobo do homem, em guerra de todos contra
todos.
Ao afirmar que a natureza humana é egoísta e mesquinha, o “pensador maldito” assegura um contexto em que os indivíduos estão em guerra constante, conflito gerado principalmente pela desconfiança, competição e glória: A primeira leva os homens a atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda a segurança; e a terceira, a reputação. Os primeiros usam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filho e rebanhos dos outros homens; os segundos, para defendê-los; e os terceiros por ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma diferença de opinião, e qualquer outro sinal de desprezo, que seja diretamente dirigido a suas pessoas, quer indiretamente a seus parentes, seus amigos, sua nação, sua profissão ou seu nome.
Ao afirmar que a natureza humana é egoísta e mesquinha, o “pensador maldito” assegura um contexto em que os indivíduos estão em guerra constante, conflito gerado principalmente pela desconfiança, competição e glória: A primeira leva os homens a atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda a segurança; e a terceira, a reputação. Os primeiros usam a violência para se tornarem senhores das pessoas, mulheres, filho e rebanhos dos outros homens; os segundos, para defendê-los; e os terceiros por ninharias, como uma palavra, um sorriso, uma diferença de opinião, e qualquer outro sinal de desprezo, que seja diretamente dirigido a suas pessoas, quer indiretamente a seus parentes, seus amigos, sua nação, sua profissão ou seu nome.
Defensor do absolutismo como a melhor forma de governo, pois o poder
político estaria concentrado no Estado absolutista em nome da paz entre os
homens, as afirmações de Hobbes contrariam a definição aristotélica do homem
social. Obviamente não há o que considerar com relação à instituição de um
Estado onde o poder encontra-se centralizado no monarca absoluto, pois a
história retrata o quanto opressora e desumana esta forma de governo pode
se apresentar. Mas, por outro lado, não há como ignorar suas colocações no que
diz respeito à condição humana. Desconfiança, egoísmo, competição e glória
fazem parte da natureza da espécie humana?
Se a resposta for negativa como explicar as sucessivas guerras que a
humanidade presenciou? Da mesma forma, como explicar o regime escravocrata, a
exploração dos menos favorecidos, a miséria e fome das crianças, no Brasil e no
mundo? Ainda, como explicar os ataques terroristas, as tragédias de violência
em família, o trabalho escravo em pleno século XXI? Por outro lado, se a
resposta for afirmativa, como explicar a solidariedade e o calor humano que
divide o mesmo cenário da tragédia, da injustiça, da exploração e miséria? Como
explicar a existência dos abolicionistas, das ações comunitárias de combate à
fome e da luta contra a exploração infantil?
Há uma infinidade de exemplos para ilustrar a contraposição entre o
homem hobbesiano e o homem aristotélico, mas ficamos com a triste constatação
da atualidade das afirmações de Hobbes no que diz respeito à natureza humana.
Se social ou antissocial o importante é que o ser humano aprenda a respeitar as
diversidades de raça, religião, cultura, ideologia política, costumes e
tradições de cada sociedade ou agrupamento humano, pois somente dessa forma
será possível constatar o progresso da humanidade, efetivando a concepção de
que o ser humano é acima de tudo racional.
Por: Profa. Dra. Walkiria
Martinez Heinrich Ferrer
Docente do Programa de Mestrado em Direito da
Universidade de Marília.
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