sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Vamos lá esclarecer esse assunto.

Braima Darame
Que tipo de jornalismo querem ? Activo ou apenas reativo perante os factos ?
Em nenhuma ocasião dissemos que a eventual saída de Paulo Torres seria justa ou injusta. Nós presenciamos em pleno balneário o presidente da Federação de Futebol a dizer: "Paulo Torres, a partir de hoje nunca mais vais meter a mão na selecção. Não quero ver-te nunca mais na Federação. Estás despedido". Fim de citação.

Desafio o presidente da Federação a vir a público esclarecer esse assunto antes que publiquemos o áudio, ainda que não tívessemos autorização para gravar por ser uma palestra com os jogadores no final do jogo. Disse ou não disse?

Ademais no dia seguinte, o assessor de imprensa da Federação, Siona Sá, Secretária Geral, Virgínia Mendes e um dos vice-presidentes, Arnaldo Mendes, disseram que o presidente teria informado a direcção que Torres já não era selecionador nacional.

Por ser ainda uma decisão verbal e não formalizada, Paulo Torres continua a ser o selecionador, tal como disse a RFI.Então a notícia ainda não foi desmentida pela Federação. Até aqui tudo na mesma.

Ainda no decorrer do jogo, o presidente da Federação mandou expulsar do banco de suplentes o adjunto de Paulo Torres, Paulo Russo, ordenando que o preparador físico, Marcelo, orientasse a equipa. Acto no mínimo vergonhoso e condenável por parte de Manelinho.

É por demasiado evidente que Paulo Torres não é o único responsável pela derrota e não é o único a ser crucificado, mas a opção táctica é muito questionável. Sim, apesar da desorganização na Federação que é bastante criticável, conjugada com a falta de interesse e postura do Governo para desenvolver o desporto em geral e o futebol em particular, não é razão para o seleccionador montar mal a equipa já em competição. Talvez fosse melhor não competir ao invés de pôr as suas qualidades e competências em causa. 

Não recebeu salário durante 4 meses e não pôs o lugar à disposição? 

Por que motivo tem vindo a dizer publicamente que tudo vai bem na federação para imprensa deixar em paz aquela instituição? 

Que o presidente da federação era melhor e de repente no dia do jogo lançar farpas contra a direção? 

Paulo Torres foi defensor número um da federação e do governo.

Uma coisa também é certa, se Paulo Torres disser que há dirigentes do futebol a sabotar a sua equipa, diria que tem toda a razão para o afirmar. Há um grupo que a todo custo quer chegar à selecção. Ficou evidente no último jogo disputadas mesquinhas para assumir a selecção nacional. Durante o jogo Marcelo Mendonça, o tal preparador físico, recebia indicações nas bancadas por parte do presidente para mexer na equipa e Paulo Russo colado a telefone a receber orientações de Paulo Torres, castigado por quatro jogos. Criou logo uma confusão na equipa ao ponto de Amido Balde pedir para ser substituído no intervalo por estar a jogar na posição que não lhe competia - ala esquerda.
Agora, esconder a informação da selecção nacional por causa dessas guerras ao ponto do estádio não ter cheio no jogo será sempre questionável pela imprensa e pelo povo. O facto de a selecção jogar sem que Paulo Torres tivesse divulgado a lista dos jogadores convocados merecerá a nossa indignação. Um dia antes do jogo, o selecionador não fez antevisão da partida por zangar-se com a imprensa local e na entrevista à RDP África destacou-se apenas a falta de pagamento de salários. Aos próprios jogadores não foram pagos subsídios de representação antes do jogo. Não havia condições objetivas para exigir um bom resultado. Disso já se sabia há muito. O que revela logo que algo vai mal na organização do jogo, numa altura quando o presidente da Federação tinha afirmado ter reunido todas às condições para o jogo sem mesmo se precisar do apoio do Governo.

Tudo isso se refletiu na prestação dos nossos jogadores em campo.

Estragar o sonho de uma geração de futebolistas talentosos e patriotas acima de tudo, por causa de guerrinhas, será severamente criticado e divulgado.Tal como fui obrigado a escrever um dia antes do jogo, que uma eventual passagem à Liberia e consequente recepção da Costa do Marfim seria uma advocacia de excelência para o país no exterior e daria uma ernome prenda de alegria ao sacrificado povo guineense que tanto ama a sua equipa nacional.

Duas grandes penalidades claríssimas ficaram por assinalar e um golo limpinho invalidado. Mesmo assim, dizem que não se pode queixar-se de arbitragem só porque a Guiné-Bissau é um país instável.

Cada um tem a sua opinião sobre os maus resultados da selecção. Uns dizem que são jogadores principais responsáveis, outros criticam a federação e o governo. Há ainda quem atribua isso a irã, ou mesmo aos jornalistas. Eu respeito isso. Aliás,só assim podemos seguir em frente para alcançar bons resultados. No entanto, ressalva-se que em qualquer parte do mundo a opinião dos comentadores vincula-se apenas a eles e não a instituição onde foi difundida. Um comentador não é jornalista. 
É lamentável algumas pessoas (fidjus di mama ku papa) que só sabem ir tomar café na praça do império e que não mexem nenhuma palha à sua frente a tentar criticar os que lutam dia e noite para uma Guiné melhor. Estamos nesse exercício: criticamos treinador, Federação e Governo e eles fazem às mesmas críticas à comunicação social, porque só assim, com críticas construtivas, chegaremos a bom porto. Pelo menos fazemos algo e não nos limitamos a depender dos nossos papás e mamãs. Trabalhamos para mudar algo com total imparcialidade na base das regras que regem a nossa profissão.
Contudo, não estou de acordo com alguns jornalistas neste capítulo, mas compreendo que no exercício das funções podemos cometer erros. Quem é santo? Todo mundo que trabalha está suscetível a críticas. E nas condições em que o país se encontra não se pode criticar a falta de coerência/ética de alguém que tem fome e não tem nada para comer. Enquanto os mais vulneráveis têm de sobra nas suas casas.
A tarefa de refazer a Guiné é urgente e imperativa...requer a participação efectiva de todos na base do respeito as diferenças, honestidade e trabalho árduo.
A selecção nacional de futebol é e será para sempre a nossa grande paixão!

"Todos os sonhos são possíveis até que Djurtus seja campeã" !

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