Foto:Jair
Araújo
Quando tocaram 14 horas em Bissau, caiu
uma chuva torrencial tão forte que, parecia uma conspiração da natureza,
acordando, com o derrube do governo. A intempérie durou cerca de uma hora. Muitos
previam o pior, pensando que a força da enxurrada e dos djambakuses ao serviço
da presidência iriam, inviabilizar a Manif convocada pelo PAIGC.
Num instante inesperado, escutaram-se os
primeiros sons vibrantes dos tambores e cânticos das mulheres. Passado uns
minutos, poucos, a moldura humana foi tomando forma e enchendo a praça dos Heróis Nacionais.
Foto:Victor
Barros
De seguida num som de “rumba” à Kassav
de Reno (para quem se lembra) surgiram do sentido sul (subida do edifício da
TAP) da praça, os jovens de Mindara. Irromperam com cânticos, transportando, os dísticos
“Jovens di Mindara misti pa Terra Ranka” e “Jomav tene dur di Povo”. Todos encharcados,
com danças desordenadas e muita energia, foram bailando aos sons do tambor,
siko e tumba, repetindo o refrão “Jomav abô ku na bai bu kaminhu…”
Os manifestantes vieram de todas as
localidades da Guiné, sendo muitos expressivos e barulhentos os de
Cacheu. A população de Bissau participou em peso, pese embora se tenha escutado
que, as estruturas do Setor Autônomo de Bissau do PAIGC também estão divididas.
A verdadeira ocupação da praça aconteceu
cerca de 3 horas depois da convocatória das 14 horas. Portanto cerca das 17
horas, começou o comício já se contavam na praça, cerca de 5 mil pessoas. Todos
os discursos foram, no mesmo diapasão, pedindo ao presidente Jomav que
reconsidere a infeliz decisão da semana passada e que respeite os estatutos do
partido que lhe fez chegar a cadeira do PODER, que escolheu de novo DSP para
PM.
O PM, ou seja, o primeiro-ministro demissionário, DSP,
falou muito pouco, contrariando o habitual. Pediu paz, estabilidade e diálogo para se ultrapassar a situação, mas, sobretudo, apelou com estas palavras e em
crioulo “Presidente respeita o POVO”.
Sou da opinião de que a Manif de hoje
foi só uma pequena amostra. Muitos analistas consideram que, se a situação se
agravar ao ponto do presidente Jomav disolver à ANP, estarão envolvidas outras sensibilidades
políticas. E se, começarem a faltar bens de primeira necessidade, devido a
paralisação dos funcionários públicos (sempre achei descabido a obsessão de
tratar mal os trabalhadores do Estado), se os preços dispararem nos mercados, se a
corrente elétrica e, água canalizada começarem à faltar nas casas das pessoas, e
se, os voos forem interrompidos, aí sim, o povo vai acordar e a praça dos
Heróis Nacionais tornar-se-á muito pequena, para o GIGANTE (ou seja, O POVO) que,
marchará para derrubar sem piedade o PR.
Estive lá!!! Com o amigo, irmão e companheiro Waldir Araújo, um exímio jornalista e profissional de corpo e alma que, dispensa apresentações!
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