Nota de imprensa da
Liga Guineense dos Direitos Humanos
A Liga Guineense dos Direitos Humanos enquanto observadora atenta e mediadora da actual crise polÍtica instalada, um ano depois das eleições gerais, regista com enorme preocupação a decisão do Presidente da República de demitir o Governo liderado pelo Eng. Domingos Simões Pereira, ignorando várias outras soluções menos prejudiciais para os interesses nacionais, desde que houvesse um mínimo de ponderação e de consideração pelas péssimas condições de vida dos guineenses.
A LGDH no quadro do seu papel proativo de promover a estabilidade e de defesa dos valores de estado de direito, fez da sua agenda prioritária a busca de consenso entre os titulares dos órgãos de soberania, tendo empreendido esforços significativos em vários encontros de trabalho mantidos com o Presidente da Republica e Ex-Primeiro-Ministro entre Maio e Julho do ano em curso, por forma a reduzir as assimetrias entre as duas partes em nome da estabilidade politica.
Como se não
bastasse, a LGDH voltou a manifestar ao Sr. Presidente da República a sua
discordância absoluta com a iniciativa de derrubar o Governo liderado por
Domingos Simões Pereira durante as últimas consultas levado a cabo na semana
passada, visto que os indicadores económicos, sociais e o consenso
politico expresso na Assembleia Nacional Popular eram incompatíveis com a sua
pretensão.
Infelizmente perante
todo este cenário, o Presidente da República optou por uma decisão isolada e
premeditada de demitir um Governo que teve uma prestação ainda que passível de
eventuais criticas, foi avaliada de positiva pelos principais parceiros
nacionais e internacionais. Aliás os mesmos parceiros unanimemente apelaram e
pediram encarecidamente a ponderação do Presidente da República para a
salvaguarda da paz e da credibilidade externa do país, conquistadas há um ano
do fim da transição política emergente do golpe de estado de 12 de Abril de
2012.
Nesta perspectiva, a
LGDH considera que a demissão do Governo do PAIGC saído das últimas eleições
legislativas de 2014, representa de um lado, o desrespeito flagrante do
compromisso eleitoral assumido para com o povo e, por outro lado, demonstra a
sua irredutível vontade de derrubar o Governo independentemente do contexto
politico-social, passando por cima de todos os apelos e esforços dos actores
nacionais e internacionais e, em contraste com o seu papel de árbitro e de
garante do regular funcionamento das instituições da república.
Perante esta nova crise política evitável em que o país se encontra, a expectativa e a confiança dos guineennes nas instituições democráticas foram mais uma vez, defraudadas pela ausência do diálogo e da maturidade política dos titulares dos órgãos de soberania na interpretação dos anseios do povo e na defesa dos interesses nacionais.
A democracia enquanto a base do exercício de poderes públicos e a fonte de legitimidade dos titulares dos órgãos de soberania na Guiné-Bissau, é um processo de construção social que exige acima de tudo, a coerência e a defesa incondicional dos valores da república, os quais, reclamam a conjugação de esforços de todos os actores políticos, sociais e económicos onde a convicção pessoal deve dar lugar ao sentido de estado e os interesses individuais cedem perante a estabilidade social.
Perante os factos acima elencados, a Direcção Nacional da LGDH delibera os seguintes:
Perante esta nova crise política evitável em que o país se encontra, a expectativa e a confiança dos guineennes nas instituições democráticas foram mais uma vez, defraudadas pela ausência do diálogo e da maturidade política dos titulares dos órgãos de soberania na interpretação dos anseios do povo e na defesa dos interesses nacionais.
A democracia enquanto a base do exercício de poderes públicos e a fonte de legitimidade dos titulares dos órgãos de soberania na Guiné-Bissau, é um processo de construção social que exige acima de tudo, a coerência e a defesa incondicional dos valores da república, os quais, reclamam a conjugação de esforços de todos os actores políticos, sociais e económicos onde a convicção pessoal deve dar lugar ao sentido de estado e os interesses individuais cedem perante a estabilidade social.
Perante os factos acima elencados, a Direcção Nacional da LGDH delibera os seguintes:
Condenar
sem reservas a decisão imponderada do Presidente da República de demitir o
Governo liderado pelo Eng. Domingos Simões Pereira cujos efeitos se configuram
imprevisíveis tanto no plano nacional assim como, no plano internacional;
Responsabilizar o Sr. Presidente da República pela possível degradação da situação económica, social e política numa altura em que tudo apontava para uma estabilização definitiva do país;
Responsabilizar o Sr. Presidente da República pela possível degradação da situação económica, social e política numa altura em que tudo apontava para uma estabilização definitiva do país;
Exortar
ao Sr. Presidente da república para accionar o mais urgente possível, todos os
mecanismos constitucionais para erguer o país da crise em que se encontra
mergulhado, capaz de comprometer ainda mais a precária vida dos guineenses e a
credibilidade externa do país;
Apelar
a todas as forças vivas da nação, em particular ao PAIGC partido vencedor das
ùltimas eleiçoes legislativas, a máxima ponderação e a abertura na busca de
soluções pacíficas para a crise vigente;
Enaltecer
os esforços das organizações da sociedade civil na defesa dos valores da
democracia e do estado de direito, encorajando as mesmas a actuar cada vez mais
com objectividade e abertura na busca de soluções para a actual crise politica;
Reiterar
a abertura e a disponibilidade da LGDH na procura de soluções pacíficas, series
e constitucionais para a crise política vigente.
Pela Paz, Justiça e Direitos Humanos
Pela Paz, Justiça e Direitos Humanos
Feito
em Bissau aos 14 dias do mês de Agosto 2015
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