Humanamente
falando, nunca imaginei assistir uma situação tão vil, humilhante,
desprestigiante e macabra na Guiné em pleno século XXI, como esta de hoje. Como
se pode prender uma pessoa numa clínica médica (com um atestado médico embora forjado, diz tacitamente "controlo médico regular e tratamento médico em ambulatório") onde estava
INTERNADO, para depois coloca-lo numa cela de PRISÃO de 6/7 metros quadros lotado
de detidos, sem mínima condição.
Estamos
a falar de um idoso, com o estado de saúde débil! O Comandante MANECAS DOS
SANTOS está a ser submetido a um tratamento que viola os direitos humanos em
todos os sentidos. É desumano, o que estão a fazer ao HOMEM. Isso mesmo, leram
bem, DESUMANO!!!
“Foi
colocado numa CELA logo que chegaram com ele por volta das 11h e 15m” disse-me
o filho Omar dos Santos que estava logo a entrada de pé, debaixo da sombreira
duma árvore, no pátio da prisão onde também estão estacionados alguns carros
velhos, outros pintados de táxis. Presumo que tenham sido aprisionados e,
esquecidos ao relento.
Entrando
por essa porta da fotografia, logo à esquerda, tem-se uma porta de madeira onde
se pode ler, “Acesso Restrito” e, à direita, uma mesa desengonçada com alguns
papeis e um livro de registo dos prisioneiros. Uma cadeira de plástico, servia de mobiliário e era
onde estava sentado o oficial de serviço da Guarda Prisional. Atrás da cadeira
vê-se um armário de metal enferrujado, onde se guarda os bens dos detidos, com
dois pequenos autocolantes com letras gastas, e os dizeres, “masculinos” do
lado esquerdo e, “femininos” no lado direito.
Antes
da porta de metal que separa o hall de entrada, com o acesso às celas, tem um pequeno
espaço de 1 metro quadrado, onde estava sentado o Comandante Manecas dos Santos,
numa cadeira plástico de cor vermelha, uma outra cadeira igual fez-se
de mesa, por cima dela, colocou um prato e uma colher de metal, para fazer a refeição. Dirigi-me a ele e cumprimentei-o, sussurrando disse-lhe: coragem comandante! Ao que me
respondeu, olhando-me, bem nos olhos: “É a Luta!”
Alguém que estava ao meu lado ainda perguntou para ele: “como se sente”??? Encolheu os ombros e desabafou “Estou aguentando!” Foram as únicas palavras que escutei da boca do Comandante Manecas.
Alguém que estava ao meu lado ainda perguntou para ele: “como se sente”??? Encolheu os ombros e desabafou “Estou aguentando!” Foram as únicas palavras que escutei da boca do Comandante Manecas.
Deixaram-no
sair da cela duas vezes, ainda na parte da manhã, a primeira vez, para receber um grupo de antigos combatentes que foram visita-lo, logo que
souberam, capitaneados pelo Eng. Carlos Correia, que serviu de porta-voz e falou aos jornalistas à saída do estabelecimento, e a segunda vez, foi para almoçar, eram cerca de 14h 30m.
Cheguei
por volta das 13h e 50m ao estabelecimento prisional da Polícia Judiciária
(PJ), antiga ESQUADRA MÓVEL, em frente ao famosíssimo MERCADO DE BANDIN, e
estive lá até às 15h 55m. Fui LÁ sim, entrei pelo grande portão de ferro que
separa a prisão (onde há trinta anos atrás fui arbitrariamente obrigado a
entrar e ficar preso por horas) e a avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria. Com
apenas 14 anos de idade fui INJUSTAMENTE preso e maltratado, no mesmo lugar, que
me parecia agora minúsculo, em comparação da memória que trago de 1987.
Nunca
mais tinha lá entrado. Se nessa altura fui privado da minha liberdade, por
algozes do regime político ditatorial, que vigorava. Hoje, conheci novos algozes
e, confesso, senti-me profundamente triste ao ver que afinal, ainda falta
muito, para sermos homens verdadeiramente LIVRES e INDEPENDENTES!
São meia-noite e 45 minutos, primeiras horas do dia 20 de junho (terça-feira) e segundo informações recolhidas a pouco, junto de um familiar do Comandante, o Advogado de defesa Dr. Carlos Pinto Pereira não conseguiu o Habeas Corpus, porque o juiz que tem o processo “desapareceu” em Bissau. Não foi possível contatá-lo de jeito nenhum e muito menos encontra-lo.
São meia-noite e 45 minutos, primeiras horas do dia 20 de junho (terça-feira) e segundo informações recolhidas a pouco, junto de um familiar do Comandante, o Advogado de defesa Dr. Carlos Pinto Pereira não conseguiu o Habeas Corpus, porque o juiz que tem o processo “desapareceu” em Bissau. Não foi possível contatá-lo de jeito nenhum e muito menos encontra-lo.
Quando
imagino que o Comandante Manecas dos Santos detido naquelas condições que vi com estes "olhos que a terra há de comer" vai
pernoitar no lugar que vos descrevo, fico sem chão! E, deixem que vos diga:
BASTA DE PETIÇÃO “Libertem o Comandante” e blá, blá, blá, que não nos vai levar a lado nenhum.
BASTA DE PETIÇÃO “Libertem o Comandante” e blá, blá, blá, que não nos vai levar a lado nenhum.
Ver
um senhor mais-velho, ANTIGO COMBATENTE, pessoa que correu vários riscos, enfrentou tempestades, entre
os quais o mais perigoso, RISCO DE VIDA, para que hoje tivesse uma
NACIONALIDADE, uma bandeira, um hino e fosse tratado no mundo como guineense,
dizia ver esse homem, sendo submetido a um tratamento tão atroz e humilhante, como
a que vi hoje é o cúmulo. É o fim da picada! Esta CRISE foi longe demais! Esta
DITADURA tem que acabar! JÁ!!!
Manifesto aqui, a minha total
e inteira disponibilidade para participar em atos cívicos como passeata, manifestação ou
mesmo vigília em frente do estabelecimento prisional, por exemplo.
Temos que organizar ações PACÍFICAS, e não ter MEDO de enfrentar o JOMAVISMO para salvarmos a Guiné que tanto AMAMOS!!!
Temos que organizar ações PACÍFICAS, e não ter MEDO de enfrentar o JOMAVISMO para salvarmos a Guiné que tanto AMAMOS!!!
Nô bai!!!
Motivos pessoais não podem ser razão para humilhar o Comandante Manecas da forma como está a ser. Um dia vai-se fazer JUSTIÇA, estejam certos disso. Força Comandante!
ResponderEliminarVila Comandante Manecas!Bu está diante na Luta e nada kana n'kadjau!
ResponderEliminarQuem vive no ódio nunca saberá o que
é a verdadeira felicidade.