Apresenta-se com o nome de
Nick Minaj. Tem 25 anos de idade. Aos 21 teve um filho com um jovem gambiano
radicado em Londres, Reino Unido. Compara o seu trabalho ao de um bombeiro que
apaga os incêndios.
“O pai do meu filho estava de
férias em Banjul quando nos cruzámos numa discoteca. Usou-me durante duas
semanas. Disse que me amava e muito. Mas era tudo falso. Até me deu um nome
falso, Kevin. Nunca mais soube nada dele».
Nick Minaj é uma menina
gambiana que vem a Bissau aos fins de semana para se prostituir com jovens
guineenses que, em relação aos seus conterrâneos, são muito melhores clientes.
«Pagam mais, são bons na cama e dão luxo. E são mais humanos», afirma sem
qualquer tabu, antes de tomar um café cheio.
Este envolvimento com os
guineenses, fez-lhe acreditar que escolheu a profissão certa. E que se gerir
bem o que ganha, um dia poderá mudar o seu modo de vida e pagar a escola do
filho.
“A minha poupança cresceu
desde que comecei a fazer milhares de quilómetros atrás do meu negócio para o futuro
da minha família. A Guiné-Bissau é um bom mercado”, diz.
Numa conversa com um
jornalista da Rádio Jovem, a menina, que se afirma ser órfã, descobriu que na
Guiné-Bissau é relativamente mais fácil um cliente pagar uma soma considerável
sem se interessar por discutir o preço.
Por repetidas vezes, Nick
Minaj afirma que são como um pronto-socorro. Quando alguém precisar com
urgência são imediatamente chamadas; quando alguém quer comemorar, fora de
casa, uma conquista; ou quando um homem se sente traído pela parceira são
chamadas para “apagar o fogo”.
"Repare que quando a
mulher trai um homem, este quando sai à rua para desanuviar descarrega em nós,
no nosso corpo, toda a mágoa. Sente-se que ele está sob efeito de álcool, a
tentar tirar a mágoa de outra pessoa. Há casos em que desabafam como são mal
tratados em casa pela esposa. Há situações de homens com esposas doentes que
nos procuram. Ainda assim acha que não somos importantes ? Uma pessoa que anda
na cadeira de rodas, em Banjul, confessou-me que, depois do acidente que o
deixou paralisado, se separou da esposa. A partir daí, passei a resolver o seu
problema sexual. Podia citar vários exemplos e contar histórias que vivi, para
tal teria que pagar.”
Nick Minaj citou casos de
alguns homens casados que muita das vezes oferecem o dobro do montante
acordado. Passados seis meses da boa experiência [talvez que considera
positiva] num mercado que já conhece e com clientes fixos que lhe pagam a
viagem e alojamento, Nick aproveita para vender tecidos, roupas, bolsas e
alguns produtos aos guineenses. Adianta que as prostitutas guineenses são
tímidas e têm medo dos preconceitos da sociedade, por isso, perdem terreno.
“Elas ainda têm com medo de
assumir o que realmente são. Por isso, nós que vimos de fora ganhamos mais espaço
para trabalhar. A questão não é sermos mais bonitas ou melhores na cama. A
questão é que já nos libertámos daquilo que o terceiro pode pensar em relação à
vida privada e profissional, neste caso», explica Nick Minaj.
Fuma um cigarro, pede uma
garrafa de cerveja fresca e puxa a conversa com o repórter da Rádio Jovem, a
quem garante que já recebeu pedidos de casamentos na Guiné-Bissau.
“Muitos homens guineenses
acham que sou bonita, boa e inteligente pelo que não deveria continuar nessa
vida de vender o corpo. Esquecem-se que é a minha profissão. Aliás, é a
profissão mais antiga do mundo. Tenho o meu filho para sustentar e a minha vida
está em Banjul, a capital da República vizinha de Gâmbia», justifica em Inglês,
já que percebe muito pouco o crioulo.
«A comunicação é muito
importante para manter uma relação, mas no meu caso é dispensada. Gesticulando,
nós nos entendemos muito bem. Falar do sexo é fácil em qualquer língua», conta
numa conversa que decorreu à porta de uma casa noturna muito frequentada na
capital guineense.
Nick cobra cerca de 60 euros
por cada vez que vai para cama com um homem e acha que é um preço relativamente
barato em relação aquilo que faz. “É um preço aceitável, tendo em conta a
aquilo que sou e a manutenção da minha beleza. Faço muito bem o meu trabalho.
Eles gostam, por isso, venho sempre à vossa terra”, referiu de forma confiante e autoritária.
No início, conta que
frequentava muito as discotecas, restaurantes, piscinas de hotéis e lugares
públicos com roupas provocantes para “piscar homens”, mas agora com o mercado
na mão, vem com uma agenda preenchida.
“Homens guineenses são bons em
tudo, até nos ciúmes”, disse, antes de pedir para o repórter não revelar a sua
identidade verdadeira, nem publicar a sua foto na Internet.
Sobre a crise política no seu
país, a Gâmbia, a jovem mostrou não estar minimamente a par dos acontecimentos
pós-eleitorais que ditaram o fim do mandato de Yahya Jammeh, esteve mais de
vinte anos no poder. O que lhe interessa não é a atualidade política da Gâmbia,
mas transformar a sua vida e dar uma boa educação ao filho, para que este possa
servir o país no futuro.
Em jeito de ponto final à
conversa com a Rádio Jovem, Nick Minaj saiu com um cliente que recusou prestar
declarações.
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