A situação política da Guiné-Bissau já era um
pantanal, mas o atual Presidente teve o condão de a transformar num completo
lamaçal. A diferença está que num pântano, a espaços, ainda encontramos terra
firme em que podemos nos apoiar e que nos dá a esperança e o alento de
soerguermo-nos para continuar a caminhada.
Num lamaçal emporcamo-nos, e em vão procuramos
encontrar terra firme em que possamos apoiar para viabilizar uma saída.
Atolamo-nos na lama e cada vez que nos esforçamos para nos libertarmos da lama
afundamo-nos mais e mais num fundo sem retorno.
Com as constantes errâncias do Presidente
estamos condenados a atolarmos ainda mais na crise institucional e política.
Esta política atingiu o seu paroxismo com as patéticas declarações do
Presidente no dia do seu aniversário, em Mindará, em como, supostamente, teria
poderes para prender, matar e maltratar qualquer cidadão, ou seja, todos
aqueles que se opõem e se declaram opositores e contrários a sua política de fraudes
e ilegalidades.
Uma declaração deste jaez define o homem e a
sua falta de cultura democrática. É assim que ele pensa, que é dono e senhor da
Guiné e portanto, investido do poder para decidir sobre a vida de qualquer
cidadão e para se imiscuir em qualquer assunto, desde que estejam em jogo os
interesses do Presidente e seus comparsas. Somente os déspotas brindam com
ameaças de morte, maltrato e prisão o seu próprio povo.
Se ele tem assomos de pensamento desta natureza
é porque reina uma enorme confusão no seu espírito, o que não augura nada de
bom para a nossa democracia. Estas declarações são sinais e evidências da
perturbação do Presidente e da sua impotência para credibilizar o seu mandato
que tinha tudo para dar certo.
Devemos todos: patriotas, democratas,
defensores da legalidade e da Constituição, e perante as últimas provocações,
como a nomeação de um PM à margem dos Acordos de Conacri, cerrar fileiras e
combater esta política ignóbil de total desprezo pelos reais interesses do
povo, tergiversação permanente e de jogos palacianos falaciosos. Perante estes
novos factos que comprometem, seriamente, a autoridade do Presidente, estamos a
referir à Cimeira de Chefes de Estado em Abuja, Nigéria, da semana passada,
forçar o Presidente a convocar eleições gerais antecipadas, antecedida da
dissolução do parlamento.
Esta é a única saída democrática e
constitucional para esta crise que está a atolar e a afundar o país na lama que
JOMAV profetizou. O país tem capacidades, tem energias e potencial
para construir políticas alternativas de unidade, apaziguamento e conciliação,
no interesse de todos os guineenses, sem discriminação e divisão como tem sido
apanágio do atual Presidente.
Por último, faço voto de Boas Festas e um Natal
na comunhão da alegria e paz para todos os meus amigos, familiares e
compatriotas.
Por: José
Carlos Pereira
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