JÁ OUVIRAM FALAR DELES OU NÃO?
Há quem diga que o rescaldo da luta armada e
as barbaridades que foram cometidas, depois da independência até aos dias de
hoje, deram origem ao novo tipo de homem guineense, o tipo de homem que
denomino de HOMEM-KAKRI – uma espécie raríssima nos outros pontos do globo, mas
que, infelizmente, tem vindo a multiplicar-se, à velocidade da luz, na
sociedade guineense.
É uma espécie que não se contenta em puxar o outro para baixo,
quer mais, sempre muito mais, por isso, depois de colocar o outro por baixo,
pisa-lhe e cospe-lhe, numa deliberada acção de humilhação e clara demonstração
de força que a circunstância lhe confere. Mas, na verdade, o homem-kakri é tão
oco que mesmo espremido até ao graúlho não deita uma única gota do saber. Ainda
assim, essa espécie tem vindo a fomentar medo e terror, intriga e o silêncio na
boca do povo, para que, esse último, não queira sequer sair das trevas onde a
maior parte se encontra. Para não ser mal interpretado, no momento do conflito,
refugia-se no silêncio. Escusa dar a sua opinião e de apaziguar para que no
final de tudo fique bem com ambas as partes.
O advento da democracia, aliás,
escravaditacracia, veio multiplicar o número do homem-kakri e simultaneamente a
anarquia que nasce com essa espécie que tenta a todo custo ser adorado,
admirado e idolatrado, como se de um Deus tratasse, por isso, sonha construir o
castelo no meio da miséria! O homem-kakri não tem a mínima capacidade de
imaginar que as ondas da maré cheia acabam com os castelos de areia num abrir e
fechar de olhos.
A pergunta é como acabar com o homem-kakri?
É sabido que a Guiné-Bissau é um paciente de
extrema paciência, com todos os diagnósticos feitos, faltando apenas começar o
inadiável tratamento, sob pena de entrar numa coma político-social profunda!
Todos sabemos que urge a mudança colectiva
de mentalidades, não apenas no seio da classe política, mas também, na
população em geral. Também é do conhecimento geral que a necessária mudança de
mentalidades é um processo moroso. Portanto, o apelo que lanço a todos os
jovens, principalmente os da minha geração é da nossa participação mais directa
na política activa - militando nos partidos, se for necessário – porque de
fora, todos os nossos intentos serão simplesmente inglórios – de outro modo continuaremos
neste misto da ditadura, escravatura e a democracia, o que resulta naquilo que
chamo da ESCRAVADITACRACIA!
É urgente uma participação compacta de novos
valores (mais pessoas honestas e competentes) na arena política, para travar o
fenómeno Homens-Kakris na sociedade guineense, pois, das mãos dos diabos não se
espera milagre!
Por: Emílio Lima Poeta
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