Todos os guineenses, velhos e novos, devem uma enorme gratidão ao Partido
Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).
Eu sou o fruto do PAIGC. Se não fosse o PAIGC, se calhar nem estaria a
escrever estas linhas. Se não fosse a independência conquistada com sangue e
suor, se calhar nunca teria acesso à escola, muito menos ser o que sou hoje em
dia.
Mas, dito isto, o meu desejo, aliás, o desejo de todos os guineenses é
continuar a ver um PAIGC heróico e emblemático. Um PAIGC de ontem e de hoje. Um
PAIGC de futuro. Um PAIGC lá para além das nossas consciências e memórias!
Hoje em dia, este PAIGC deveria ser um símbolo da unidade nacional; um
símbolo da coesão interna e externa; um símbolo da luta e progresso; um símbolo
de triunfalismo político e um símbolo de orgulho nacional.
Hoje em dia, este PAIGC deveria fazer justiça ao simbolismo que a sua
grandeza histórica e internacional representa.
Hoje em dia, este PAIGC deveria fazer justiça aos ideais dos seus
fundadores: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida,
Fernando Fortes e Elisée Turpin.
Hoje em dia, este PAIGC deveria fazer justiça aos sacrifícios consentidos
pelos melhores filhos da Guiné e das ilhas de Cabo Verde: os combatentes da
liberdade da pátria.
Mas, para que isto aconteça, este PAIGC pós-1974 deve amadurecer, como
amadurecem os seres humanos. Afinal de contas, o PAIGC já conta com 59 anos de
idade. E se fosse humano, ele já teria sido um avô com uma tremenda sabedoria
acumulada desde nos tempos da clandestinidade, passando pela guerrilha.
E como um avô de todas as histórias políticas, sociais e económicas da
Guiné-Bissau, do PAIGC só pedimos que se comporte como o ancião das nossas
tabancas e o árbitro das nossas conquistas fundamentais.
Tal como um avô ter-se-ia comportado, pedimos também ao PAIGC que
testemunhe (de uma forma benevolente), o evoluir do tempo, das liberdades e dos
comportamentos dos seus progénitos.
Seja feliz em ver o florescimento da democracia, fruto das suas lutas e das
suas proezas históricas; continue a reclamar os seus direitos, mas abdique-se
do comportamento absolutista e paternalista, apesar do lugar sagrado que lhe é
reservado pela história.
Seja o verdadeiro avô do seu povo -- sendo querido, amoroso, humilde,
responsável e compreensível. Não seja apenas o PAI(gc), mas sobretudo o avô do
seu povo patriótico, do seu povo sofredor. E permita que esta sua família
cresça em paz e harmonia. É disso que a nação guineense espera do seu ancião, o
PAIGC... Nada mais, nada menos!
Do seu neto... E com muita estima,
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