sexta-feira, 22 de abril de 2016

Ao nosso querido avô, o PAIGC

 
Todos os guineenses, velhos e novos, devem uma enorme gratidão ao Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC).

Eu sou o fruto do PAIGC. Se não fosse o PAIGC, se calhar nem estaria a escrever estas linhas. Se não fosse a independência conquistada com sangue e suor, se calhar nunca teria acesso à escola, muito menos ser o que sou hoje em dia.

Mas, dito isto, o meu desejo, aliás, o desejo de todos os guineenses é continuar a ver um PAIGC heróico e emblemático. Um PAIGC de ontem e de hoje. Um PAIGC de futuro. Um PAIGC lá para além das nossas consciências e memórias!

Hoje em dia, este PAIGC deveria ser um símbolo da unidade nacional; um símbolo da coesão interna e externa; um símbolo da luta e progresso; um símbolo de triunfalismo político e um símbolo de orgulho nacional.

Hoje em dia, este PAIGC deveria fazer justiça ao simbolismo que a sua grandeza histórica e internacional representa.

Hoje em dia, este PAIGC deveria fazer justiça aos ideais dos seus fundadores: Amílcar Cabral, Aristides Pereira, Luís Cabral, Júlio de Almeida, Fernando Fortes e Elisée Turpin.

Hoje em dia, este PAIGC deveria fazer justiça aos sacrifícios consentidos pelos melhores filhos da Guiné e das ilhas de Cabo Verde: os combatentes da liberdade da pátria.

Mas, para que isto aconteça, este PAIGC pós-1974 deve amadurecer, como amadurecem os seres humanos. Afinal de contas, o PAIGC já conta com 59 anos de idade. E se fosse humano, ele já teria sido um avô com uma tremenda sabedoria acumulada desde nos tempos da clandestinidade, passando pela guerrilha.

E como um avô de todas as histórias políticas, sociais e económicas da Guiné-Bissau, do PAIGC só pedimos que se comporte como o ancião das nossas tabancas e o árbitro das nossas conquistas fundamentais.

Tal como um avô ter-se-ia comportado, pedimos também ao PAIGC que testemunhe (de uma forma benevolente), o evoluir do tempo, das liberdades e dos comportamentos dos seus progénitos.

Seja feliz em ver o florescimento da democracia, fruto das suas lutas e das suas proezas históricas; continue a reclamar os seus direitos, mas abdique-se do comportamento absolutista e paternalista, apesar do lugar sagrado que lhe é reservado pela história.

Seja o verdadeiro avô do seu povo -- sendo querido, amoroso, humilde, responsável e compreensível. Não seja apenas o PAI(gc), mas sobretudo o avô do seu povo patriótico, do seu povo sofredor. E permita que esta sua família cresça em paz e harmonia. É disso que a nação guineense espera do seu ancião, o PAIGC... Nada mais, nada menos!

Do seu neto... E com muita estima,

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