Relato
autobiográfico de um percurso com pontos de contacto com várias figuras
importantes, este é um livro que cativa, em primeiro lugar, pelo facto de ser
escrito pela própria protagonista. Ao ser a história de Marita contada por ela
própria, traça, acima de tudo, o seu percurso individual, e fá-lo dando voz aos
seus pensamentos, emoções e receios a cada passo do caminho. E, ao fazê-lo,
reflecte também mudanças de perspectiva e de forma de pensar, causadas pelos
acontecimentos que vão sendo narrados.
Claro
que, sendo um relato pessoal, há contrapartidas. Em primeiro, as percepções que
reflecte são as da autora e, assim sendo, fica a possibilidade de haver outros
pontos de vista sobre o mesmo assunto. Além disso, sendo, acima de tudo, a
história de Marita, fica a faltar alguma base do contexto associado às acções
em que esteve envolvida que, não sendo essencial à compreensão dos
acontecimentos, poderia, ainda assim, transmitir uma perspectiva mais ampla dos
momentos vividos pela protagonista.
Mas
é, de facto, a vida de Marita o centro deste livro. E, tendo isso em vista, a
verdade é que há, em tudo aquilo que é narrado, a percepção do que terá sido,
verdadeiramente, uma vida de filme. Intrigas, reviravoltas inesperadas, perigos
e ameaças, relacionamentos complicados, traições e enganos vindos de onde menos
se esperava... Um sem fim de situações complexas e intrigantes que fazem da
história da autora algo de bastante impressionante. Tudo num registo que,
cativante no seu tom quase que de confissão, torna a leitura fluída e
envolvente.
Surpreendente
no que revela do percurso da autora, mas também do contexto histórico desse
percurso, este é, pois, um livro que, sendo, acima de tudo, um registo pessoal
da vida de Marita Lorenz, cativa principalmente pela perspectiva pessoal que
confere às coisas. Mas também pelo longo e tortuoso percurso que torna a
leitura tão interessante.
Título: Eu Fui a Espia que
Amou o Comandante
Autora: Marita Lorenz
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