Bolama 09.12.2015 - DIA DA
INAUGURAÇÃO DO PARQUE INFANTIL MUNICIPAL DE BOLAMA RESTAURADO
Muito obrigado a todos!
Fica em Bolama, antiga Capital, o
primeiro e único Parque Municipal Infantil Público da Guiné-Bissau (ainda em
funcionamento). Partilhamos convosco o nosso discurso na cerimónia, lido pelo Ismael
Mendes de Medina, membro fundador e coordenador para o assuntos
Jurídicos e da Cooperação da Pró Bolama Ong, e algumas fotos da festa.
O DISCURSO
Excelências,
Foi a 11 de Fevereiro de 1947 que
o Subsecretário das Colónias Portuguesas, o Sr. Eng.º Sá Carneiro inaugurou
este parque de recreio destinado a crianças até à idade de 12 anos, que foi o
primeiro parque construído na Colónia da Guiné Portuguesa, denominado “Parque Infantil Municipal de Bolama”.
Com emoção e admiração, a população de Bolama e visitantes da cidade Capital
assistiram a esse histórico acto. Hoje, passados 68 anos, igualmente com emoção
e admiração celebramos a sua restauração. Bolamenses, compatriotas, amigos de
Bolama: estamos a celebrar a vitória da resistência; a vitória da fé em si e no
futuro.
Nos recordam as primeiras
crianças que tiveram o privilégio de brincar neste parque, socializar neste
nobre espaço de construção de amizades, o quanto foi divertido, o quanto foi de
solidariedade perpétua, o convívio aqui iniciado. Nossos pais, nossos
ascendentes, que ao nos falarem deste parque, de forma recorrente e extemporalmente
simultânea, nos trouxeram e trazem o nome da D. Jóia Pires, guardiã serena, que
de um dos bancos do parque, furtando espaços e momentos entre o céu e lentes de
leitura, tudo observava, controlava, soltando de vez em quando um chio sentido
de advertência, para que o tudo e o todo de cada criança não perdesse nada nem
lugar ou compostura.
É verdade que após a conquista da
liberdade política nacional, aos dias de hoje, o nosso parque, património
histórico da cidade e do país e espaço privilegiado de crescimento saudável das
crianças de Bolama, perdeu o privilégio de assim ser.
Esmagado por mil razões, mas recuperado por outras tantas, estamos aqui, de novo, no coração da cidade, a reanimá-los, reanimando o seu parque, onde gerações e gerações de bolamenses e insulares dos Bijagós, em geral, aprenderam que viver é conviver, amar e trocar com o próximo, aceitando a força da diferença, seguros de que a estabilidade e paz, são frutos da harmonia entre os seres.
Esmagado por mil razões, mas recuperado por outras tantas, estamos aqui, de novo, no coração da cidade, a reanimá-los, reanimando o seu parque, onde gerações e gerações de bolamenses e insulares dos Bijagós, em geral, aprenderam que viver é conviver, amar e trocar com o próximo, aceitando a força da diferença, seguros de que a estabilidade e paz, são frutos da harmonia entre os seres.
Para os que a partir de hoje vão
reapropriar-se deste espaço, -referimo-nos a filhos e pais- a responsabilidade
será partilhada, no que concerne ao uso e conservação do nosso parque
municipal, património público. Pais: tragam os vossos filhos a este espaço,
vosso pela memória e deles no presente. Filhos: cresçam brincando neste espaço,
sem nunca esquecer que é herança vossa e que dos vossos filhos deverá ser.
Caros conterrâneos bolamenses e
amigos de Bolama. O engajamento e entusiasmo de todos os que tiveram o
privilégio de participar nos esforços para a recuperação deste espaço de
fraternidade e partilha - o nosso renovado Parque Infantil – tem expressão
máxima no inesquecível contributo do nosso querido irmão Alexandre Afonso
(também conhecido por NDÚ Bolama, aliás, o nome que ele mais gostava de se identificar),
hoje fisicamente ausente nesta cerimónia, mas vivo nos nossos corações e
memória colectiva.
O Alexandre Afonso, falecido subitamente no dia 28 de
Setembro do corrente ano, era um destacadíssimo membro da nossa organização,
será sempre carinhosamente recordado por todos os que tiveram o privilégio de
conviver com ele, por ter sido, desde a primeira hora até ao seu falecimento,
um incansável batalhador e animador para o sucesso deste projecto. Neste
momento que também lhe pertence, ante a sua memória nos curvamos todos, em
sinal de reconhecimento pelo paradigma de amor, solidariedade e generosidade
que nos legou. Obrigado mano NDÚ BOLAMA.
Não somos fortes em discursos.
Somos mais de acção que de palavras. Por isso e porque os nossos amigos que nos
ajudaram a restaurar este nosso histórico parque, sabem que assim somos,
estamos em crer que compreenderão que propositadamente preferimos nos referir a
eles em último lugar. Assim é, porque queremos que fiquem vincados na nossa
memória como obreiros principais, embora discretos, desta recuperação do nosso
património municipal e nacional. Como sabemos, esta obra não seria possível
concretizar sem uma sinergia efectiva entre financiadores, executor da obra,
autoridades públicas e população em geral. No capítulo do financiamento, temos
a manifestar o nosso reconhecimento público, com destaque, à AMI - Assistência
Médica Internacional.
Esta organização
não-governamental portuguesa contribuiu com cinco milhões de Francos CFA para a
restauração do nosso parque, sendo assim a AMI a principal financiadora deste
projecto.
À nossa PRÓ-BOLAMA coube a
responsabilidade de executar a obra e para ela contribuiu também com um
montante de um milhão, duzentos e sessenta e um mil, novecentos e sessenta
Francos CFA. Assim, perfaz a quantia total de
seis milhões, duzentos e sessenta e um mil, novecentos e sessenta Francos CFA o
custo de restauração do Parque Infantil Municipal de Bolama.
Foram três meses de trabalho intenso, intercâmbio e convívio até chegarmos ao dia de hoje. Mais uma vez, aos nossos amigos da AMI, juntamente com os Aventureiros Solidários, às autoridades municipais, às direcções da Escola Normal “Amílcar Cabral” e Centro de Formação Pesqueira de Bolama e algumas individualidades e alguns populares de Bolama, que nos ajudaram aqui e ali, do fundo do coração: o nosso sentido e fraterno obrigado.
Foram três meses de trabalho intenso, intercâmbio e convívio até chegarmos ao dia de hoje. Mais uma vez, aos nossos amigos da AMI, juntamente com os Aventureiros Solidários, às autoridades municipais, às direcções da Escola Normal “Amílcar Cabral” e Centro de Formação Pesqueira de Bolama e algumas individualidades e alguns populares de Bolama, que nos ajudaram aqui e ali, do fundo do coração: o nosso sentido e fraterno obrigado.
Minhas Senhoras, meus Senhores e
nossas Crianças.
Se é certo que é com orgulho e
enorme satisfação que hoje reabrimos o nosso parque às crianças residentes em
Bolama, não menos certo é que gostaríamos que tivesse irmãos em todos os cantos
do nosso amado país, Guiné-Bissau, a terem o mesmo privilégio que nós de
possuir um parque infantil, que é um canteiro onde brotam amizades e
solidariedade entre a nova geração.
Finalmente, para terminar,
permitam-me citar um secular ditado insular:
“BORGONHA MAS MORTU” (que significa em português “a vergonha é pior que a morte”). Portanto, caros bolamenses, mantenhamos o nosso Parque Infantil Municipal de Bolama sempre bem tratado, de forma a que nunca mais o seu estado de conservação nos faça sentir vergonha face a ninguém. De recordar que na altura da construção deste Parque o então Município de Bolama criou a “Liga dos Amigos do Parque Infantil”, revertendo o produto das quotizações a favor da manutenção do mesmo. Daí que ousamos desafiar perguntando: porque não manter este espírito contributivo e solidário? Porque não?
“BORGONHA MAS MORTU” (que significa em português “a vergonha é pior que a morte”). Portanto, caros bolamenses, mantenhamos o nosso Parque Infantil Municipal de Bolama sempre bem tratado, de forma a que nunca mais o seu estado de conservação nos faça sentir vergonha face a ninguém. De recordar que na altura da construção deste Parque o então Município de Bolama criou a “Liga dos Amigos do Parque Infantil”, revertendo o produto das quotizações a favor da manutenção do mesmo. Daí que ousamos desafiar perguntando: porque não manter este espírito contributivo e solidário? Porque não?
Hoje é dia de festa. Festejemos
com os nossos amigos, este fruto da amizade e solidariedade entre os povos.
Sem comentários:
Enviar um comentário