Analista da ONG
International Crisis Group alerta para os riscos de uma transição mal
preparada. No dia em que José
Eduardo dos Santos deixar o poder “as coisas vão-se complicar muito”, diz Paula
Cristina Roque, analista sénior da ONG International Crisis Group, que prevê
“muita violência” uma vez que “a sucessão não está a ser bem pensada” e, por
isso, não será “pacífica”.
Falando à Lusa,
e citada pela RTP, a analista, que acompanha a realidade angolana a
partir da África do Sul, acredita que José Filomeno dos Santos, presidente
do Fundo Soberano de Angola e filho do presidente, ou Manuel Vicente, actual
vice-presidente, colocados na linha de sucessão, corroboram a ideia de “oligarquia”,
pelo que “provavelmente não vão ser aceites pelo próprio MPLA”.
Para Paula Cristina
Roque, o candidato ideal será “alguém que consiga gerir um país que vai estar,
de uma forma ou outra, muito fragilizado economicamente e politicamente”,
lembrando, por exemplo, os problemas financeiros da Sonangol.
A analista reconhece
que José Eduardo dos Santos “fez muitas coisas boas”, mas falhou no processo de
reconciliação que, aliado à corrupção e a uma pobreza extrema, conduziu a uma
política de repressão.
“Angola é um país
estratificado, que não está conciliado consigo mesmo, que tem jovens que estão
presos por lerem livros e fazerem palestras sobre as formas pacíficas de
derrubar um ditador”, argumenta.
Às recentes
tensões políticas o regime responde com “violência extrema”, gerando
“um ciclo vicioso, que só vai criar mais ressentimento, mais frustração e mais
focos de protesto”, conclui Paula Roque, descrevendo Angola como “um país
de securocratas, onde tudo é uma questão de segurança”.
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