quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sucessão de José Eduardo dos Santos pode gerar “muita violência”



Analista da ONG International Crisis Group alerta para os riscos de uma transição mal preparada. No dia em que José Eduardo dos Santos deixar o poder “as coisas vão-se complicar muito”, diz Paula Cristina Roque, analista sénior da ONG International Crisis Group, que prevê “muita violência” uma vez que “a sucessão não está a ser bem pensada” e, por isso, não será “pacífica”.

Falando à Lusa, e citada pela RTP, a analista, que acompanha a realidade angolana a partir da África do Sul, acredita que José Filomeno dos Santos, presidente do Fundo Soberano de Angola e filho do presidente, ou Manuel Vicente, actual vice-presidente, colocados na linha de sucessão, corroboram a ideia de “oligarquia”, pelo que “provavelmente não vão ser aceites pelo próprio MPLA”.

Para Paula Cristina Roque, o candidato ideal será “alguém que consiga gerir um país que vai estar, de uma forma ou outra, muito fragilizado economicamente e politicamente”, lembrando, por exemplo, os problemas financeiros da Sonangol.

A analista reconhece que José Eduardo dos Santos “fez muitas coisas boas”, mas falhou no processo de reconciliação que, aliado à corrupção e a uma pobreza extrema, conduziu a uma política de repressão.

“Angola é um país estratificado, que não está conciliado consigo mesmo, que tem jovens que estão presos por lerem livros e fazerem palestras sobre as formas pacíficas de derrubar um ditador”, argumenta.

Às recentes tensões políticas o regime responde com “violência extrema”, gerando “um ciclo vicioso, que só vai criar mais ressentimento, mais frustração e mais focos de protesto”, conclui Paula Roque, descrevendo Angola como “um país de securocratas, onde tudo é uma questão de segurança”.

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