quinta-feira, 8 de outubro de 2015

A GUINE-BISSAU ESTÁ À DERIVA, DÁ A IMPRESSÃO DE QUE FALTA APENAS O GOLPE FINAL

Armando Mussa Sani (RSM*)

Talvez nenhum país hoje seja tão cheio de contradições como a Guiné-Bissau. Nós os guineenses estamos cansados de avanços e recuos, será que homem guineense terá disposição de lutar mais uma guerra civil se ela realmente acontecer. Isso é um dos grandes paradoxos da Nossa Pátria Amada. Em meio à depressão geral e aos problemas que afligem o nosso país, o sentimento que toma conta dos guineenses é de incertezas. Desde os assassinatos do ex-chefe do estado maior Batista Tagme, do ex presidente Vieira , do ex ministro Baciro Dabo e dos deputados de PAIGC Helder e Roberto Cacheu, o país viveu uma série de eventos turbulentos que o jogaram à beira do abismo, com partidos políticos brigando entre si e esquecendo de governar a nação. Hoje, mais uma vez pátria de Amílcar encontra-se mergulhada numa crise profunda.


É latente o pessimismo nas ruas. Não faz muito tempo, um condutor de Toka-toka me disse que esperava reunir um bom dinheiro para ir embora talvez para a Angola. Os Mauritanos, explicava ele, já estariam fazendo isso é só ver terminada a época da chuva. Faz doer o coração ouvir esses desabafos, É verdade que o destino não tem sido generoso com o povo guineense. Mais de quatro décadas, o nosso País caiu numa espiral de violência, frustração e ausência de progresso social, cujas consequências podem ser medidas pelo metro do sofrimento da população guineense.

Parece que cada guineense precisa mesmo é de desabafar. Toda vez que um passageiro entra num Toka-toka ou num taxi, a conversa envereda para os problemas políticos e militares, quando sempre são amaldiçoados uns ou os dois grupos envolvidos na disputa pelo poder. Muitos deles são os antigos senhores da guerra que mergulharam a nação naquela sangrenta guerra de 1998. Hoje vestem ternos caros, mas o sangue está em suas mãos.

A complexidade do meu país, não reside unicamente na política. O país é historicamente dividido por questões militares. A linha que actualmente une as nossas Forças Armadas Revolucionaria de Povo, é tão ténue, que é uma simples questão de tempo saber quem trairá quem no futuro. Uma união artificial que pode romper-se a qualquer momento.

O país precisa repensar a si mesmo, ou parar de pensar que diversos grupos que se renegam mutuamente conviverão juntos por meio de frágeis acordos. Como unir, portanto, força que não interage?
Roberto Cacheu e Malan Bacai Sanha na RSM* 
As contradições entre políticos e a classe castrense são tão intensas, que em qualquer conversa de rua se percebem esse contexto. O que não deixa de ser verdade é que chefes militares têm tanto poder quanto os governantes, interferindo na política e na justiça.

* RSM - Rádio Sol Mansi

Sem comentários:

Enviar um comentário