O General Umaro Embaló
surpreendeu tudo e todos com a forma como reagiu contra o presidente da
Comissão da CEDEAO, o beninense Marcel de Souza, os termos pouco diplomáticos
usados contra essa personalidade; a forma como descartou o presidente Alpha
Condé indigitado pelos seus pares da CEDEAO como mediador; a forma como
minimizou as forças da ECOMIB... Disse o General Primeiro-Ministro que
"Marcel de Souza é mentiroso"; "ECOMIB não faz falta à
Guiné-Bissau. Temos as nossas forças de defesa e segurança..". E também afirmou
que "o presidente da República da Guiné Alpha Condé não gosta de fulas e não
gosta dele porque é fula..."
O General disse o que, em consciência, julgou correcto dizer. Agora resta à
comunidade internacional pronunciar a derradeira palavra sobre a crise e
apresentar uma nova proposta de solução ou… uma adenda ao Acordo de Conakry que
esclareça o imbróglio.
É simplesmente preocupante a
situação em que o país chegou na sequência da crise iniciada em Julho de 2015
com a demissão do Governo do PAIGC. As autoridades - o Presidente da República
e o Governo - estão em rota de colisão com a comunidade internacional. E nós,
todos, assistimos refastelados nas canseiras próprias de gente que vive em país
pobre altamente endividado, como somos arrastados ao precipício por uma crise
que se sabe onde começou, mas que ninguém é capaz de augurar com propriedade
onde e quando acaba.
Mas, há uma certeza absolutíssima: Por mais que o General Primeiro-Ministro seja forte não está em condições de fazer frente à Comunidade Internacional.
A explicação é simples: As Nações Unidas, através do Conselho de Segurança, a União Europeia, a CPLP; a União Africana; e, a CEDEAO, recomendam a implementação do Acordo de Conakry como a melhor via para solucionar a crise vigente.
O braço-de-ferro do General com as duas figuras de proa credibilizadas pela Comunidade Internacional não é aconselhável, tenha ele qualquer suporte político que seja, mesmo de qualquer presidente da sub-região por mais reputado que seja. Recorde-se que quando a Comunidade Internacional condena, impõe sanções, nem os Petrodólares valem! Recuando no passado não muito distante obtém-se muitos exemplos sonantes.
Veja-se só. Os EUA no meio do episódio que corre, levanta uma pontinha do véu sobre o narcotráfico. As autoridades, os CINCO GOVERNOS que se sucederam, são acusadas de nada ou pouco terem feito no domínio do combate ao tráfico de estupefacientes. Alguns oficias generais são literalmente apontados. Mau presságio não resta dúvidas. Nem vou aventar a hipótese de qualquer sanção que pode ser imposta ao país que já tem problemas que sobram em todas as áreas e todos os níveis.
Neste caso concreto, manda o bom senso - a hora não é de demonstração de MATCHUNDADI gratuitamente (o guinnense é bom nisso) - que sejam esgotadas todas as vias capazes de desembocarem na solução da crise que dura há 20 meses.
Convém abrir parênteses para referir que, na Guiné-Bissau, todos os MATCHUS que se gabaram da sua hombridade, que eram mais que todos os Homens hoje não estão para contar aos seus netos a história da sua valentia, das suas temeridades.
O país, os cidadãos, a sociedade, tudo está dividido. Já assistimos manifestações de vária índole em Bissau e no interior. Até aqui tudo bem, porque, não houve um frente-a-frente dos manifestantes. Mas, se um dia houver uma contra-manifestação espontânea, e dos confrontos resultarem em feridos e mortos? Deve-se pensar nisso tudo, porque diz-se que "o guineense é pacífico" mas não se acrescenta que quando decide fazer das suas ultrapassa os limites do razoável.
A comunidade internacional não
é singular! É plural! Além disso, em diversas situações já demonstrou que não
compactua com nada que vá contra o primado da lei e as regras que alicerçam um
estado de direito democrático. Não se vê como poderá ser compassivo ao ponto de
consentir que se crie um precedente negativo - a violação das regras do jogo
democrático é isso -, que um dia no futuro qualquer sujeito pode invocar ou
dele fazer recurso e usar indevidamente.
O General Umaro El Moktar
Embaló disse alto e em bom som que não tem qualquer apego ao poder. Que seja!
Confiamos que é verdade!
Então se o General não é solução (as contestações falam por si), que não deixe que, por via dele, a Guiné-Bissau mergulhe numa convulsão em que a força poderá, eventualmente, ser usada como instrumento de saneamento da CRISE por se terem ESGOTADO todos os RECURSOS INTERNOS E EXTERNOS aplicados na tentativa de expurgar a longa crise, SATISFATORIAMENTE, a contento de todas as partes envolvidas e do país em geral.
Entretanto José Mário Vaz
inicia a sua Presidência aberta não só para cumprir um dever mas, sobretudo,
para lavar a imagem enegrecida pela sua actuação, e, supostamente, aumentar a
quota da sua baixa popularidade. Quem sabe? Quiçá este seja o primeiro passo
para testar se haverá alguma possibilidade, mesmo que remota, de se
recandidatar às Presidenciais de 2019.
ANP de Cipriano Cassamá continua fechada a sete chaves nos seus argumentos, alegadamente, legais. O Grupo dos 15 Deputados expulsos do PAIGC continua a sua luta: reintegração SIM mas no mesmo ranking nas estruturas. O órgão competente do PAIGC diz que à luz dos estatutos, os 15 expulsos têm as portas abertas mas, para recomeçarem na base como simples militantes. O POMO DA DISCÓRDIA.
O PRS, como quem não quer a coisa, deixa a batata quente ao PAIGC para que resolva a crise porquanto esta fundamenta-se no seu seio.
PCD UM e PND estão nas posições que defendem cada qual com base nos argumentos que escolheu defender e exibir em defesa da “causa legal”.
Os restantes partidos sem
assento parlamentar os que não se mantêm equidistantes, funcionam como
autênticas “torcidas”.
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