De crises continuadas, vamos
assistindo um aumentar de inquietações diversas mas com alguma preocupação
maior quanto à união numa lógica de reinar. Pouco importa quem subjectivamente
tem razão neste enredo político desgastante. Num Estado de Direito a razão
encontra na constituição a sua maior segurança. Por isso deve ser respeitada.
Curiosidades várias podiam-se
aqui ilustrar, entre personagens que foram aparecendo, desaparecendo,
permanecendo, “kibinindu”… neste corta mato político que não quer acabar,
apenas por uma questão de falta de vontade das partes que preferem seguir o
caminho da mutação política, ignorando a ética e a moral, factores de
equilíbrio social. Tudo parece permissível. Fazível.
O mundo oferece-nos exemplos que
sobram sobre o exercício da democracia nas suas mais diversas dimensões,
permitindo antecipar caminhos inexistentes que devem simplesmente ser
ignorados.
Em 2014 quando se apresentaram ao
povo, precisando, cidadão eleitor, com os programas políticos colocados na
montra, assim foram apreciados, escolhidos. Hoje, o que apresentam? O que não
apresentam? As regras do jogo, essas, à priori, deveriam ser conhecidas por
todos, sem excepção. Portanto, na mesma proporção, as mesmas, deveriam ser
respeitadas, cumpridas por todos, sem excepção.
É impressionante a capacidade que
o político guineense tem tido em desrespeitar o Estado sem ter em consideração
aos seus valores, símbolos, sua história … toda uma dimensão desprezada. Os
titulares dos órgãos do estado enxovalham-se em praça pública sem eira nem
beira, pronunciando obscenidades gratuitamente e deliberadamente, tudo numa
lógica de evidenciar a musculatura do poder. Uma batalha desenquadrada uma vez
que assumimos que, em democracia, o poder está no povo, precisando, cidadão
eleitor.
Os resultados eleitorais não são
segredo para ninguém. Cumpridas as formalidades, a cada um a sua
responsabilidade. O partido vencedor deve governar na dimensão da sua vitória,
de maneira a permitir que a oposição assuma as suas responsabilidades,
independentemente das suas simpatias ou afinidades político-ideológicas. É
deste equilíbrio que nasce a responsabilização política constante e necessária,
de forma a melhor permitir que a sociedade se desenvolva na matriz
político-partidária escolhida.
A resolução desta crise, desde o
início, deveria passar pelo cumprimento da constituição e não arranjando
interpretações encomendadas, que nos remeteram, ainda mais, em caminhos turvos
e conflituosos. É a nossa soberania que está em causa. Os partidos têm os seus
próprios estatutos, que os façam cumprir…é um paradoxo, exigir-se o cumprimento
de ordens avulsas, quando reina a ilegalidade e a ilegitimidade.
Será deveras complicado no futuro
gerirmos um conjunto aleatório de acordos em detrimento de um só documento que
traduz o nosso acordo social, a nossa constituição. Criemos então espaço para
uma cirúrgica reforma constitucional que permita garantir, pelo menos, uma
estabilidade governativa no país.
Os actores políticos são chamados
a uma responsabilidade cívica e política de tirar o país do lamaçal político em
que se encontra de forma a garantir que o processo eleitoral que se avizinha
seja organizado pacificamente, superadas as “reservas”, não perpetuando ambiente
a ambiguidades idênticas a este nosso dia a dia.
A nossa constituição é a chave do
nosso desenvolvimento colectivo, respeitemo-la!
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