terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O problema das nossas inclusões …

De crises continuadas, vamos assistindo um aumentar de inquietações diversas mas com alguma preocupação maior quanto à união numa lógica de reinar. Pouco importa quem subjectivamente tem razão neste enredo político desgastante. Num Estado de Direito a razão encontra na constituição a sua maior segurança. Por isso deve ser respeitada.
Curiosidades várias podiam-se aqui ilustrar, entre personagens que foram aparecendo, desaparecendo, permanecendo, “kibinindu”… neste corta mato político que não quer acabar, apenas por uma questão de falta de vontade das partes que preferem seguir o caminho da mutação política, ignorando a ética e a moral, factores de equilíbrio social. Tudo parece permissível. Fazível.
O mundo oferece-nos exemplos que sobram sobre o exercício da democracia nas suas mais diversas dimensões, permitindo antecipar caminhos inexistentes que devem simplesmente ser ignorados.
Em 2014 quando se apresentaram ao povo, precisando, cidadão eleitor, com os programas políticos colocados na montra, assim foram apreciados, escolhidos. Hoje, o que apresentam? O que não apresentam? As regras do jogo, essas, à priori, deveriam ser conhecidas por todos, sem excepção. Portanto, na mesma proporção, as mesmas, deveriam ser respeitadas, cumpridas por todos, sem excepção.
É impressionante a capacidade que o político guineense tem tido em desrespeitar o Estado sem ter em consideração aos seus valores, símbolos, sua história … toda uma dimensão desprezada. Os titulares dos órgãos do estado enxovalham-se em praça pública sem eira nem beira, pronunciando obscenidades gratuitamente e deliberadamente, tudo numa lógica de evidenciar a musculatura do poder. Uma batalha desenquadrada uma vez que assumimos que, em democracia, o poder está no povo, precisando, cidadão eleitor.
Os resultados eleitorais não são segredo para ninguém. Cumpridas as formalidades, a cada um a sua responsabilidade. O partido vencedor deve governar na dimensão da sua vitória, de maneira a permitir que a oposição assuma as suas responsabilidades, independentemente das suas simpatias ou afinidades político-ideológicas. É deste equilíbrio que nasce a responsabilização política constante e necessária, de forma a melhor permitir que a sociedade se desenvolva na matriz político-partidária escolhida.
A resolução desta crise, desde o início, deveria passar pelo cumprimento da constituição e não arranjando interpretações encomendadas, que nos remeteram, ainda mais, em caminhos turvos e conflituosos. É a nossa soberania que está em causa. Os partidos têm os seus próprios estatutos, que os façam cumprir…é um paradoxo, exigir-se o cumprimento de ordens avulsas, quando reina a ilegalidade e a ilegitimidade.
Será deveras complicado no futuro gerirmos um conjunto aleatório de acordos em detrimento de um só documento que traduz o nosso acordo social, a nossa constituição. Criemos então espaço para uma cirúrgica reforma constitucional que permita garantir, pelo menos, uma estabilidade governativa no país.
Os actores políticos são chamados a uma responsabilidade cívica e política de tirar o país do lamaçal político em que se encontra de forma a garantir que o processo eleitoral que se avizinha seja organizado pacificamente, superadas as “reservas”, não perpetuando ambiente a ambiguidades idênticas a este nosso dia a dia.
A nossa constituição é a chave do nosso desenvolvimento colectivo, respeitemo-la!
Por: Ricardo Rosa, 22 Fevereiro 2017

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