Começamos por dizer obrigado a Deus e
obrigado a todos aqui presentes.
Caros irmãos.
Há 60 anos atrás um filho de África teve
uma iniciativa louvável quando tinha apenas 32 anos de idade.Este filho digno de
África que nasceu na Guiné-Bissau ousou sonhar alto, ousou desafiar o seu tempo,
desafiou o seu sonho, a sua juventude, o seu medo, penhorou o seu futuro e a
sua vida para que hoje possamos ser Guineenses, para que hoje possamos estar aqui
sentados livres, para termos um território como um povo, uma bandeira, um hino
e um poder político instituído. Este filho humilde desta terra conseguiu
projetar e criar um país que hoje se chama Guiné-Bissau, mas infelizmente não
conseguiu viver eternamente para poder transmitir o seu DNA de sapiência,
humildade, coragem, luta pelo interesse comum, aos diferentes irmãos seus que
herdaram a sua capa.
Muitos poderiam pensar que se o Amílcar
Cabral estivesse de vida até hoje ou se ele conseguisse levantar hoje da
sepultura, da morte, provavelmente morreria de novo por ataque cardíaco devido a
vergonha da situação atual em que se encontra este país que um dia ele sonhou; muitos
poderão pensar que o Amílcar ficaria desesperado e perdido com os erros
grosseiros dos diferentes líderes que surgiram na senda política nacional depois
dele;
Mas dissemos simplesmente que isso não
vai acontecer com o Cabral, simplesmente porque ele é um homem forte, um homem íntegro,
um comandante, um líder, um jovem que conseguiu estar a frente do seu tempo. O
Cabral previa tudo isso, ele sabia que as ambições desmedidas, ambições
pessoais, poderiam colocar este povo na situação em que se encontra hoje.
Sabendo disso, ele simplesmente iria levantar hoje para fazer uma nova
revolução, uma revolução ideológica ao lado do povo da Guiné-Bissau, defendendo
a verdade, a estabilidade, a justiça, a paz, a unidade e o desenvolvimento. O
Cabral levantaria hoje contra o seu irmão para dizer-lhe basta, para dizer-lhe
estás a remar contra a maré; estás a causar sofrimento a este povo pelo qual um
dia eu morri.
Caros irmãos,
Achamos injusto a insensibilidade dos
nossos políticos, a falta de caráter, a falta de coerência e sobretudo a impreparação
de muitos para estarem na política e a frente deste glorioso povo. Queremos
dizer hoje que o espirito de Cabral está dentro de cada Cidadão Consciente e
Inconformado, pois “o Cabral foi um Consciente e inconformado”. Com isso queremos
dizer que estamos aqui para dizer BASTA. BASTA A INSTABILIDADE CRONICA; BASTA A
IMPUNIDADE; BASTA A POBREZA; BASTA A MATANÇA; BASTA MENTIRA; BASTA AMBIÇÃO
DESMEDIDA; BASTA GUERRA PELO PODER; BASTA DE POLÍTICOS CORRUPTOS E OPORTUNISTAS.
Caros irmãos,
Os nossos políticos simplesmente não
gostam desta terra e não pensam no povo. Colocam interesses pessoais e de
pequenos grupos acima dos interesses da Nação. Mas isto tem que mudar e vai
mudar, pois acreditamos que SE NÃO
ACABARMOS COM ESTA CRISE INJUSTAMENTE IMPOSTA AO POVO DA GUINÉ-BISSAU, ESTA
CRISE VAI ACABAR CONOSCO ENQUANTO NAÇÃO.
Caros Irmãos,
Compreendemos hoje que a origem e foco desta crise está na
Presidência da República na pessoa do nosso Presidente José Mário Vaz.
Nós, enquanto Cidadãos Conscientes
acreditamos que esta crise que se vive atualmente no país é uma crise de
liderança com o epicentro na Presidência da República, contrariamente aquilo
que algumas vozes tentam incutir ao povo da Guiné-Bissau. Esta crise teve
inicio não com a não aprovação do programa do segundo governo desta
legislatura, mas sim com a queda do seu primeiro. Estamos simplesmente vivendo
uma segunda
ronda do Congresso de Cacheu, o que é inaceitável, pois não se pode
transferir os problemas internos de um partido político, mesmo sendo partido no
poder, para o Estado.
Os diferentes intervenientes neste processo esqueceram-se
por completo, que não estão representando a vontade própria e nem de pequenos
grupos dentro de um partido, mas sim de toda uma Nação.
O PR disse uma vez que, se ele estiver
a errar que as pessoas lhe critiquem, então chegou o momento de colocarmos o
dedo na ferida e chamar as coisas pelo nome. Esta palhaçada ou telenovela que o
país tem vivido a mais de seis meses, que transformou a pátria de Cabral numa
autêntica panela de pressão, repetimos, é da exclusiva responsabilidade do
Presidente e dos seus aliados. Dissemos isso por uma simples razão:
1. O PR entrou numa
briga desnecessária com o líder do PAIGC o que desembocou na demissão do governo,
alegando a incompatibilidade de relacionamento entre ele e o PM, proferindo no
momento uma série de acusações que, até hoje, não foram provadas. O PR talvez
não pensou profundamente nas consequências futuras dos seus atos preferindo na altura
a guerra, ignorando todos os apelos inclusive do povo que o elegeu e da
Comunidade internacional;
2. Depois disso o PR
forjou um governo, nomeando segundo homem forte do governo outrora chamado por
ele de corrupto, uma decisão inconstitucional decretada pelo STJ;
3. Com a nomeação do
atual governo, o Presidente simplesmente transferiu o centro da crise para ANP,
tentando impor uma nova maioria parlamentar derivado do PRS e dos dissidentes
do PAIGC, negligenciando por completo o Acórdão do STJ que foi claro no aspeto
de não ser possível na configuração atual do nosso sistema, nem a existência
dos deputados independentes, nem acordos pós eleitorais. Dissemos isso porque
os principais atores, que estão forçando a segunda fase desta crise na ANP, são
pessoas leais ao PR inclusive o seu conselheiro especial;
Senhor PR,
Ficamos surpreendidos quando na
divulgada proposta constatamos o retorno ao status
quo ante que, na perspectiva dos autores do mesmo, cingiria ao retorno dos
15 deputados expulsos da ANP e reconfiguração do governo em nome da
estabilidade governativa. Questionamos porque é que não podemos estender o Status quo antes da queda do Governo
liderado por DSP? Porque não retornar o Procurador-Geral da República e o
Presidente do Tribunal de Conta?
S. Excelência PR
José Mário Vaz,
A saída para esta crise está nas suas
mãos. A Sua Excelência tem a obrigação de resolver esta crise. Acreditamos que
o melhor legado que a Sua Excelência podia deixar a este país, principalmente a
nós jovens, é a estabilidade governativa. Queremos ver o Senhor a respeitar as
suas promessas eleitorais, quando disse ao povo da Guiné-Bissau que era o único
capaz de garantir a estabilidade governativa e que nunca iria demitir o governo
do seu partido.Por favor honre as suas palavras enquanto homem do Estado, para
estancar o sofrimento das mulheres, das crianças e permitir a nós os jovens,
com um sonho de contribuir para o progresso deste país, que encontremos
ambientes seguros e saudáveis para sonhar e realizar.
O povo votou nas últimas eleições para
que seja o PR dos guineenses e não presidente dos 15, do PRS ou do PAIGC. Tem
que ter o peito para levar todo o
mundo, mas velando sempre pelo primado da lei enquanto garante da Constituição.
Já errou uma vez, ainda é tempo de voltar atrás, corrigindo os seus erros e
servir do fiel da balança da crise, encorajando assim as partes a velarem pelo
respeito aos princípios democráticos, sem ignorar o fórum judicial.
Caros Irmãos,
Quando dissemos que o responsável principal
desta crise é o PR, não queremos dizer que não existem outros corresponsáveis,
nomeadamente os atores políticos-sociais e sobretudo o povo da Guiné-Bissau.
Quem vê o mal e não faça nada para
acabar com o mal é tanto culpado quanto ao causador do mal; em parte o povo da
Guiné-Bissau tem sido o grande culpado pela sua própria destruição. Porque para
o povo “DJITU KA TEM”, foi precisamente por este motivo que nós estamos hoje
aqui para vos afiançar que, “DJITU TEM”, ninguém vai nos matar só porque
contamos verdade ao povo, ninguém nos vai maltratar só porque estamos acordando
o povo da Guiné-Bissau.
Queremos dizer enquanto povo que o
nosso direito não acaba com as eleições, passa sobretudo pela fiscalização das
ações dos diferentes intervenientes na governação. São os nossos funcionários,
não devemos permitir que eles façam e desfaçam, porque não estão lá para
resolver os seus problemas, mas sim o interesse do Povo da Guiné-Bissau.
Irmãos,
Nós acreditamos que é possível
conseguir uma saída airosa para esta crise, mas esta saída não deve ser
camuflada, não temos que ignorar os principais atores envolvidos designadamente
o PR José Mário Vaz rodeado dos inconformados do PAIGC e o Domingos Simões
Pereira líder do mesmo partido.Resolver a suposta crise na ANP, negligenciando
a verdadeira crise entre os Senhores Jomav e DSP, seria uma simples fachada que
não resolveria os problemas do fundo.
Precisamos ver o Jomav e o DSP a
reconciliarem dentro da arena política, se quiserem nos arredores que fiquem
entre murros e ponta pés, mas queremos um aperto público das mãos, do fundo do coração,
entre estes dois irmãos.Pois, não podemos continuar nessa saga de guerra fria
eternamente, numa incerteza total devido ao ego.
Compatriotas,
Para a resolução desta crise propomos o
seguinte:
·
Ou o Presidente
promulgar o programa do atual governo aprovado na ANP;
· Ou dissolve a ANP
e convoca eleições gerais (Presidenciais e Legislativas);
Viva a estabilidade
Viva a justiça,
Viva o Povo da Guiné-Bissau
Bem-haja
Casa dos Direitos, 03 de Março de 2016.
O Movimento
Dr. Lesmes Mutna
Freire Monteiro
(Porta-voz)
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