Portanto, já conhecia o Brasil, muito antes de muitos sonharem...
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Horas, sábado, estádio 24 de Setembro, na cidade de Bissau, assisto o início da
partida de futebol entre a seleção nacional da Guiné-Bissau e a sua congénere
do Congo Brazzaville. Com público (dentro e fora do recinto) a rondar os 40 mil
pessoas, definitivamente, o desporto mais popular do mundo confirmou a sua liderança
na mobilização de pessoas na capital guineense. Mas hoje, não quero falar de
futebol! Vou fazer uma pequena incursão pelas matas das minhas memórias guardadas,
da primeira viagem que fiz aos dois Congos.
Como a foto do visto pode provar e não me deixará mentir, estive no Congo Brazzaville em 26 de
novembro de 2004. Encontrei na altura um país muito interessante. Recordo em
especial duas particularidades do país.
Primeira coisa que
gostei, foi da estória sobre o nome da cidade, onde conta-se o fato, de uma
doação feita em 1880, pelo Rei Makoko do Congo, ao explorador
franco-italiano Pierre Savorgnan de Brazzaville. Relata-se que os dois se
tornaram grandes amigos.
Conta-se também que
o soberano, não tomava uma decisão sequer, sem antes consultar, o amigo branco. Reza a narrativa congolesa
que, Brazzaville, para além de conselheiro do monarca que, consolidou grande
poder na época, o franco-italiano também fazia, tráfico de tudo um pouco.
Mão-de-obra escrava, armas, marfim, ouro, rubi e peles de animais de grande
porte. Foi ele que propôs ao rei Makoko dos Batekes, que colocasse o seu reino
sob a proteção da bandeira francesa. Makoko, interessado nas possibilidades de comércio e na obtenção de uma vantagem
sobre os seus rivais, assinou o tratado.
Vista de Brazzaville a partir da Kinshasa
Segunda coisa, adorei à
cidade de Brazza, por causa dos belos e amplos espaços verdes, com jardins públicos e privados (nas majestosas vivendas que dão gosto) lindos e bem tratados. Decorada por belos e grandes edifícios espelhados, espalhados pelas espaçosas avenidas da
capital.
A distância que
separa as duas capitais Brazzaville e Kinshasa, homónimos pelo nome Congo,
são seis milhas pelo rio. Faz-se bem de barco. Atravessei-o de bote, e naveguei o mítico rio Congo, cerca de 15 minutos já estava do outro lado da margem.
Sair da capital com
o nome do franco-italiano para a outra, que manteve o nome pré-colonial Kinshasa,
é como sair do paraíso e entrar diretamente no inferno, ou seja, só têm mesmo em
comum, o nome.
O sistema déspota e macabro implantado pelo autocrático presidente Mobutu Sese Seko, deixou marcas extremamente profundas na organização social dos congoleses das lindas músicas do inesquecível Franco Luambo, dos bairros suburbanos (emblemáticos) como Matongué e das expressivas danças enfeitadas pela sonoridade do makossa. Sendo as duas últimas marcas, as únicas coisas que se podiam aproveitar do Congo, com o antigo nome, Zaire.
O sistema déspota e macabro implantado pelo autocrático presidente Mobutu Sese Seko, deixou marcas extremamente profundas na organização social dos congoleses das lindas músicas do inesquecível Franco Luambo, dos bairros suburbanos (emblemáticos) como Matongué e das expressivas danças enfeitadas pela sonoridade do makossa. Sendo as duas últimas marcas, as únicas coisas que se podiam aproveitar do Congo, com o antigo nome, Zaire.
Porque, do resto era tudo anárquico.
A anarquia dominava a cidade em cada esquina, em cada ruela, em cada quartiers
ou circuit. A criminalidade apresentava valores exponenciais segundo a
imprensa local. Avisaram-nos para andarmos em grupo ao passearmos pela cidade. Era
um terror o que se vivia naquela cidade. Engraçado e lá nunca fui assaltado. E
andei por tudo quanto era canto.
Se na altura da minha
passagem por aquelas bandas, de um lado do rio estava, um Congo liderado por um
brando ditador, apelidado por muitos como “ditadorzinho” PR Denis Sassou
Nguesso, do outro lado,no antigo Zaire, o RDC, um meio político
inquieto, bárbaro, severo, liderado pelo aprendiz de ditador na altura, estava o PR Joseph Kabila Filho. Portanto, lido com
ditadores há décadas, e nunca tive medo de nenhum deles! Que fique claro isso!!!
Posto isto, conheci os
dois Congos há bués, e quando os jogadores da capital do nome do explorador Brazza,
estiveram a disputar a partida de futebol com equipa nacional guineense, sabia
que os nativos da Guiné iriam ser derrotados. Primeira coisa que se notou foi, a capacidade
organizacional dos congoleses. Chegaram TODOS num só voo e, vários dias antes
do embate.
Quem não se lembra que a permanência da equipa congolesa na nossa capital, Bissau, foi acompanhada
por uma aeronave da companhia aérea congolesa, estacionada e preparada 24h/24h,
no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, para qualquer imprevisto. Com razão,
sabem que não se tem nem, uma avioneta, para evacuar alguém em caso de emergência. E
a derrota? Soube-me mal, mas a apatia do Povo guineense perante tudo
o que se vivia nesses dias, soube-me ainda pior…
A nossa seleção
nacional é uma vergonha! Maior tristeza de um país já em si derrotado, e
controlado por derrotistas. Lembro-me que a nossa equipa nacional (odeio o nome
Djurtus…foi uma escolha de merda esse nome) mas dizia, atrasada em tudo como sempre, os
jogadores guineenses foram chegando à conta gota.
A desorganização e a
incompetência que graça no futebol nacional é terrível. Mesmo que chamassem o especial
1, José Mourinho nos tempos áureos das conquistas, para treinar a Guiné, seriamos sempre uma
desgraça. Porquê? Porque somos um país pobre e miserável de gente mesquinha e medíocre.
Derrotados da VIDA! Só na Guiné acontecem certas coisas.
Onde já se viu um “Al
Capone” disfarçado de presidente da Federação dizer que, percebe mais de
futebol, do que uma pessoa que já foi titular de uma seleção nacional à sério,
aquilo que em algumas esferas se chama profissional de ALTA COMPETIÇÃO?
ONDE
JÁ SE VIU?
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